segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Prémio Leya 2012

Nuno Camarneiro, de 35 anos, vence com Debaixo de Algum Céu. Um romance que é uma "exploração da ideia de purgatório", segundo o seu autor.
"Quase todo passado dentro de um prédio e em oito dias, entre o Natal e o Ano Novo, e cada inquilino atravessa durante esse período o seu purgatório pessoal".

Estou curioso.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final.
No meio você coloca ideias.

Pablo Neruda

domingo, 25 de novembro de 2012

Jesusalém


Neste romance, Mia Couto conta-nos a história de Silvestre Vitalício através do olhar de Mwanito, seu filho mais novo. 
Silvestre Vitalício vive num mundo muito próprio, não só fisicamente como psicologicamente. Vai para longe da cidade e estabelece um mundo só para ele e os filhos: Jesusalém. Ali todos são rebaptizados numa “cerimónia de desbaptismo”. 
“E fomos convocados um por um. E foi assim: Orlando Macara (nosso querido Tio Madrinho) passou a Tio Aproximado. O meu irmão mais velho, Olindo Ventura, transitou para Ntunzi. O ajudante Ernestinho Sobra foi renomeado como Zacaria Kalash. E Mateus Ventura, meu atribulado progenitor, se converteu em Silvestre Vitalício. Só eu guardei o mesmo nome: Mwanito”. Além destas personagens, há ainda a jumenta Jezibela (criação muito interessante com quem Silvestre Vitalício irá estabelecer uma curiosa relação), e Marta, que sai de Portugal à procura do marido traidor, e que será a peça chave no desbloqueio do romance. 
Com aquela cerimónia dá-se o corte com o passado. Para Silvestre Vitalício não havia passado, nem outro mundo além daquele. “Se não há passado, não há antepassados”. E também não havia mulheres. “Mulheres são como ilhas: sempre longe, mas ofuscando todo o mar em redor”. 
A ligação com o mundo exterior é feita através de Tio Aproximado, que vive na cidade e regularmente vai a Jesusalém levar mantimentos. A relação entre ele e Silvestre Vitalício é turbulenta, e uma das razões é a falecida mulher de Silvestre, que também é irmã de Aproximado. 
Silvestre Vitalício é um homem calado, prepotente e violento, e todos se submetem às suas vontades. Apenas a partir da segunda parte (o romance está dividido em três “livros”), quando surge Marta, é que aquele equilíbrio é quebrado. 
Com personagens bem definidas psicologicamente, Mia Couto traça uma história simultaneamente simples e complexa, com momentos de humor, ternura e violência, e leva-nos para uma realidade muito particular.

domingo, 18 de novembro de 2012

Não resisto a partilhar isto com os leitores que por aqui passam. 
Recentemente participei em dois workshops de escrita criativa, organizados pela Genius y Meios, com a formadora e escritora Margarida Fonseca Santos
Alguns dias depois do segundo workshop, surgiu a ideia de todos os alunos daquele curso fazermos um conto, sendo que cada um só poderia escrever 77 palavras (numa alusão ao blogue da escritora Histórias em 77 palavras). 
Os dois primeiros lotes de 77 palavras já estão. Faltam os restantes 23 escritores
Está a ser um exercício muito divertido, interessante e inesperado. Quando estiver concluído, aparecerá neste blogue.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ler Lobo Antunes

Confesso que deve tratar-se de uma limitação minha. Nunca consegui ler António Lobo Antunes. As crónicas em revistas, apenas de vez em quando. Livros, nunca. Não consigo entender a sua forma narrativa.
Apesar deste handicap, há uma coisa que gosto neste autor: muitos dos seus títulos são uma surpresa agradável. Por exemplo, o último: "Não é meia noite quem quer". É pura poesia.
Já tinha o tinha feito com outras obras: "Eu hei-de amar uma pedra", "Não entres tão depressa nessa noite escura", ou "Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?".

sábado, 27 de outubro de 2012

Winston Churchill

Esta biografia de Winston Chuchill, da autoria de Sebastian Haffner, faz parte da colecção de livros de bolso "A minha vida deu um livro", lançada pelo Expresso.

O segredo não deve ser revelado no início, mas Winston Churchill teve uma vida alucinante. Entre o céu e o inferno, este político inglês de dimensão mundial viveu uma vida cheia de reviravoltas. 


Mudou duas vezes de partido, defendeu posições isoladamente contra as vozes maioritárias, teve derrotas e humilhações estrondosas, tinha um espírito militar mas é reconhecido como político, defendeu ideias próximas das de Hitler, demonizou Hitler e percebeu o perigo que representava antes de todos... Tinha a ideia de que o destino lhe reservava um desígnio maior, e encontrou-o quando ascende a Primeiro-ministro em 1940. 

Nascido em 1874 numa família de classe alta decadente, Winston Churchill foi um jovem medíocre, que falhou por completo na escola. Mudou esta percepção quando encontrou a sua principal vocação: a guerra. 

Participou em várias campanhas, em vários países, e irritou muitos políticos e militares com os seus escritos sobre as guerras de que fez parte. Ele tinha uma visão, ele sabia como fazer a guerra. Foram estas experiências na frente de batalha que lhe permitiram escrever e ter projecção no início do século XX. 

Partidariamente, começou no Partido Conservador, mas em 1904 “atravessou o corredor da Câmara” e tomou lugar na bancada dos Liberais. Passou a ser odiado e visto sempre com desconfiança. Mas é com os Liberais que chega ao governo, sendo ministro em várias pastas. Atinge o auge ao tornar-se Primeiro Lorde do Almirantado, ou seja, responsável pela Marinha Real Britânica, em 1911. “Com quase 37 anos de idade, Churchill estava, mais do que nunca, no seu elemento. Reinava agora sobre a maior armada do mundo e reinava de uma forma quase absoluta, sem a intervenção de qualquer outra pessoa. Reorganizou-a, constitui um Estado-Maior, virou todos os planos de guerra do avesso, ordenou que o aquecimento em toda a armada fosse convertido de carvão para óleo, mandou construir canhões maiores para os navios (na realidade, os maiores até à época), conseguindo tudo isto sem a oposição de almirantes ou capitães.” 

Mais tarde volta a ser ministro. E em 1924 volta a mudar de partido, juntando-se novamente aos Conservadores. Olhado sempre com desconfiança, vai escrevendo sobre as guerras e discursando sobre política. 

Entre 1929 e 1939, ou seja, entre os 55 e os 65 anos de idade, teve uma longa passagem pelo deserto. É neste período que escreve ainda mais, sobretudo sobre política internacional, mas nada do que escrevesse ou dissesse tinha o menor efeito. 

É sempre contrário às políticas de apaziguamento com a India, com Hitler, com os socialistas (o Partido Trabalhista surge na Inglaterra e irá acabar com a hegemonia entre conservadores e liberais). Este permanente espírito “do contra” será uma constante na sua convivência com os Primeiros-Ministros Asquith, Lloyd George e Chamberlain. 

Quando a Alemanha declara guerra à Inglaterra, em Setembro de 1939, Churchill é chamado novamente a assumir o Almirantado. Em Maio de 1940, torna-se Primeiro-ministro, sendo também Ministro da Defesa. 

Enquanto Primeiro-Ministro, terá uma acção incansável no sentido de derrotar Hitler. “Graças a Churchill, a Inglaterra atravessou-se no caminho da Alemanha em 1940, num momento em que esta quase parecia ter conseguido subjugar tudo à sua volta. Churchill obrigou a Inglaterra a agir contra os seus próprios interesses, mas de uma forma calculada ao milímetro. Esta guerra obrigou a Inglaterra a arriscar tanto a sua existência física como a sua existência económica. O país defendeu com êxito a sua integridade territorial, mas a economia ficou arruinada por muito tempo e o Império desintegrou-se. 

Graças a Churchill, não foi a Alemanha que passou a dominar a Europa, mas sim os Estados Unidos e a Rússia. Graças a Churchill, o fascismo deixou de desempenhar qualquer papel significativo no mundo, ficando o liberalismo e o socialismo a travar a luta pela primazia na política interna dos países.” 

Após a guerra, o governo cai e é derrotado nas eleições de 1945. Mantém-se como líder da oposição conservadora, voltando a ser Primeiro-Ministro entre 1951 e 1955, já fragilizado e com alguma política errática. 

Vive ainda até 1965.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Libros Libres

"Chama-se "Libros Libres" (Livros Livres, em português) e abriu o mês passado no bairro de Chamberí, em Madrid, capital espanhola. O nome é esclarecedor quanto à filosofia do espaço: trata-se de uma livraria onde, quem quiser, poderá levar um, dois, 10 ou 100 livros de forma totalmente gratuita.

Esta livraria inovadora, que conta também com um clube de vídeo, nasceu graças a uma iniciativa de uma organização não-governamental espanhola, a Grupo 2013, que se inspirou num local idêntico existente em Baltimore, nos Estados Unidos.

O conceito é simples. Os amantes da cultura que, num momento de crise, não tenham possibilidade de pagar pelos livros e de subscrever os serviços da livraria, podem ter acesso a eles sem qualquer custo, tudo com o objetivo de permitir a todos o acesso à cultura e ao cinema. 

Quem quiser, no entanto, pode tornar-se subscritor - a subscrição da livraria custa 12 euros por ano - para ajudar o espaço a crescer. Esta ajuda é também dada por particulares que oferecem os seus livros e também por algumas grandes editoras, que se associaram ao projeto e doaram vários exemplares de obras recém-publicadas ainda por estrear. 

Em declarações ao diário Clarín, Elisa Ortega, que integra a Grupo 2013 e é uma das funcionárias da livraria, explica que a reação das pessoas tem sido muito positiva: em média, há entre 20 e 30 visitantes por dia, na sua maioria jovens universitários e cerca de 50 novos livros são doados diariamente, o que tem enriquecido cada vez mais o espólio que terá agora entre 5.000 a 10.000 obras.

Projeto quer aumentar a riqueza intelectual

Para que o projeto continue a ser autosustentável, Ortega salienta que a ONG se responsabiliza por parte dos custos, contando com a generosidade dos subscritores na cobertura do restante valor. "Muita gente agradece-nos por levarmos a cabo esta tarefa e alguns doam-nos mais do que os 12 euros estimulados", revela a responsável, com satisfação.

Ainda assim, a essência da livraria não se perde. "Cada um faz o que pode, quando pode, e aqueles que pagam não dispõem de nenhum benefício adicional sobre aqueles que não pagam. O acesso está sempre aberto a todos os que necessitem", garante.

Os livros disponíveis interessam aos mais variados públicos, incidindo sobre temas tão diversos como a literatura infantil e juvenil, a política, a filosofia, a fotografia, a poesia e até o teatro. De acordo com Elisa Ortega, esta é "uma receita para a crise" para permitir que "as pessoas continuem a ler e se aumente a riqueza intelectual".

Clique AQUI para aceder ao site oficial da livraria "Libros Libres" (em espanhol)."

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Milagrário Pessoal

"Iara, jovem linguista portuguesa, faz uma incrível descoberta: alguém, ou alguma coisa, está a subverter a nossa língua, a nível global, de forma insidiosa, porém avassaladora e irremediável. Maravilhada, perplexa e assustada, a jovem procura a ajuda de um professor, um velho anarquista angolano, com um passado sombrio, e os dois partem em busca de uma colecção de misteriosas palavras, que, a acreditar num documento do século XVII, teriam sido roubadas à “língua dos pássaros”. Milagrário Pessoal é um romance de amor e, ao mesmo tempo, uma viagem através da história da língua portuguesa, das suas origens à actualidade, percorrendo os diferentes territórios aos quais a mesma se vem afeiçoando.” 

No fim, nem tudo é como parece ser… 

Uma das coisas que mais gostei neste livro, tal como noutros que já li do José Eduardo Agualusa, é ser embalado pelas palavras. Agualusa tem a arte de fazer magia com as palavras, levando-nos a territórios inesperados e que, recorrentemente, deixam um sorriso nos lábios. 

Por exemplo: 

“Me permita que lhe apresente Plácido Domingo! Este aqui não sabe cantar, não. Ainda assim eu o acho mais legítimo que o tenor. Ele é tão plácido e tão domingo que sempre que nos visita parece que o tempo abranda. A gente se esquece das horas.” 

“Os milagres acontecem a cada segundo. Os melhores costumam ser discretos. Os grandes são secretos.” 

“O que é a pátria?, perguntou. A voz era cálida e melodiosa como a de um hipnotizador. Uma pátria pode ser um cheiro. Um buquê de cheiros. Pitangas, terra molhada, o capim macerado. 
Ou um verso, acrescentou Alexandre Anhanguera, um simples verso. Há versos onde cabe inteira a minha pátria.” 

“Também eu cresci dividido entre a sala de estar e o quintal. Dividido? Escrevi dividido? Perdão, por vezes distraio-me e erro um pouco. Permitam-me que corrija: cresci acrescentado entre a sala de estar e o quintal.” 

“Difícil é um homem encontrar uma mulher diante da qual todas as restantes pareçam uma redundância.” 

Ao longo deste pequeno romance, vamos mudando de registo linguístico. Ora estamos no português de Portugal, ora vamos ao Brasil, ora estamos em Angola. Estas mudanças nas palavras e nas frases são um exercício muito enriquecedor e curioso. 

Adquiri este livro na feira do livro deste ano, onde tive oportunidade de pedir um autógrafo ao José Eduardo Agualusa. Um homem de uma simplicidade e simpatia assinaláveis.
Podem ler uma entrevista ao autor a propósito deste livro no Porta-livros.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sputnik, meu amor

É o primeiro livro que leio do aclamado autor japonês Haruki Murakami... O que dizer? 
Confesso que há qualquer coisa que me deixa indeciso na forma de falar deste livro. 

Em traços gerais, é a história de um ou vários amores não correspondidos. 
Sumire é uma jovem que sonha ser escritora. K, um professor primário, é o seu confidente, com quem tem longas e estranhas conversas, às horas mais inusitadas da madrugada. Num casamento, Sumire conhece Miu, mulher de meia-idade por quem se apaixona e de quem vai ser secretária. A relação entre estas duas mulheres é estranha, pois nunca há uma assunção enquanto tal. Numa viagem pela Europa, em negócios, estas duas mulheres vão parar à Grécia, onde Sumire desaparece misteriosamente. Para ajudar na procura, Miu chama K… 
Um ponto que ressalta neste livro é a dificuldade em estabelecer relações com o outro. Cada um dos elementos deste triângulo vive num ambiente de solidão, que não é anulado pelo contacto que vão estabelecendo entre si. Há apenas contacto, sem ligações profundas. Essa dificuldade/dor perpassa ao longo das quase 200 páginas deste livro. A solidão marca cada página, cada diálogo, cada interacção entre as personagens. Há uma barreira invisível que limita essa aproximação com o estabelecimento de relações significativas. Há qualquer coisa que falta. 
Não por acaso, Sputnik significa companheiro de viagem, em russo.

Sobre Murakami? 
Talvez tenha a ver com a edição que li (da Biblioteca Sábado), em que as frases são demasiado correntes (vulgares?) e contém vários erros de português, mas é um autor que não me convenceu por completo. No entanto, tendo em conta muitas opiniões que li e ouvi, estou curioso em ler “Kafka à beira-mar”.

sábado, 8 de setembro de 2012

A Queda dos Gigantes

Com este livro, Ken Follet dá início à trilogia O Século, e apresenta-nos a história de cinco famílias que se cruzam entre si, e que  coincidem com factos históricos do início do século XX. 
Com início em 1911, e estendendo-se até 1924, este longo romance dá-nos um fresco sobre a história europeia e mundial. Atravessa vários cenários, desde o País de Gales até os corredores do poder inglês, passando pelas trincheiras da I Guerra Mundial, pelo movimento sufragista feminino, pela revolução soviética... 
Ao longo de todo o livro é bem claro o confronto entre as várias classes, poderes e interesses que se digladiaram no confronto bélico. 
Mas há mais além do registo histórico: há os amores proibidos, há as relações de conflito entre pais e filhos, há a pobreza, há a força do religioso, há a ebulição do socialismo. 
À volta de cinco famílias (americana, alemã, inglesa, russa e galesa), Ken Follett constrói um romance histórico bastante plausível. Claro que há elementos que parecem estar a ser vistos muito com o olhar do início do século XXI, e que são estranhos quando contextualizados no início do século XX, mas não são demasiado perturbadores para a narrativa – pelo menos para mim, que prefiro ver as grandes tendências da História do que deter-me em pormenores. 
A proximidade que os membros destas cinco famílias acabam por ter é, simultaneamente, estranha para a época e enriquecedora pelo claro confronto de posições que representa. O quadro destas famílias acaba por ser o seguinte: a elite europeia (famílias inglesa e alemã), o povo (famílias galesa e russa), o corrupto (família americana... que no fundo é uma família russa que emigrou para os EUA). 
Descendo do patamar político, é interessante ver o papel que cabe às mulheres naquele tempo e naquela sociedade. E a força que tiveram (exagerada no livro?) para conseguir o voto feminino. 

Em resumo, foi um livro que gostei muito de ler, apesar de lido em duas “prestações”, o que fez com que levasse mais de um ano a lê-lo. Um livro com mais de 900 páginas não permite uma leitura rápida em termos logísticos. 

O livro seguinte desta trilogia já está encomendado: O Inverno do Mundo
O primeiro livro da trilogia já deixou algumas pistas pelo caminho que irão ter destaque no livro II: o ódio aos judeus por parte da elite alemã começa a aflorar; o "desvio" da revolução soviética face à promessa inicial; a emergência de personagens como Churchill.... 
Acho que vou gostar de ler a continuação.

domingo, 29 de julho de 2012

Outliers

Foi através de um blogue sobre livros que cheguei a este livro: Outliers, de Malcolm Gladwell. 
A forma apaixonante como estava apresentado fez com que o comprasse na feira do livro. E valeu a pena! 
Malcolm Gladwell, de uma forma simples, convincente e sedutora, apresenta os motivos porque muitos têm sucesso e outros não. Mas não se pense que esta explicação é um tratado maçador de sociologia. Trata-se, isso sim, de um conjunto de casos concretos, muitos conhecidos de todos nós, que são a base para a tese apresentada pelo autor. Frequentemente todos atribuímos o sucesso à personalidade rara de quem tem sucesso. Mas há muito mais além disso. 
Antes de mais, há a oportunidade. Quem tem sucesso, alcança-o por ter tido uma oportunidade. E esta oportunidade, muitas vezes, é fruto de circunstâncias alheias à pessoa. Os Beatles, Bill Gates, bons jogadores de futebol, a que devem o seu sucesso? 
Há a circunstância das 10 mil horas de treino; há o facto de se ter nascido num determinado mês do ano; há a contingência de ter tido quem pudesse oferecer um computador numa dada época; há o ser judeu; há o ser especializado numa área que, de repente, se torna fulcral… “Dispõem de uma oportunidade que não mereceram nem conquistaram. E essa oportunidade desempenhou um papel crucial no sucesso deles.” 
Além de vidas mais ou menos famosas, Gladwell foca situações de pessoas comuns que conseguiram. E outras que, apesar de todos os esforços, não chegaram lá. Por exemplo, famílias cujos pais foram apanhados pela crise do início do séc. XX, e não conseguiram evoluir. Mas cujos filhos, por terem nascido alguns anos depois, apanharam a onda do crescimento económico que lhes permitiu singrar. “O sucesso não é um fenómeno fortuito. Emerge de um conjunto previsível e poderoso de circunstâncias e oportunidades”, que uns tiveram e outros não. E uma variável para este fatalismo é apenas o ano de nascimento. Além das oportunidades, Gladwell escreve sobre a importância do legado. E nesta parte do livro disseca o motivo de haver países com mais acidentes de aviação que outros, países com mais predisposição para a matemática que outros… Nada é por acaso. 

Nesta segunda parte, o autor alonga-se, por exemplo, nos motivos porque estudantes do mesmo ano têm resultados tão díspares. Terá a ver com a proveniência social? Com o tempo de estudo? Com a duração do ano lectivo? Achei esta parte muito interessante, atendendo aos resultados que Portugal costuma apresentar nestas matérias. E, olhando para algumas medidas recentes do ministro Nuno Crato, percebe-se perfeitamente onde quer chegar.


Realço algumas das frases que ajudam a perceber o sentido das teses de Gladwell:
- "A prática não é o que se faz quando se é bom. É o que se faz para nos tornarmos bons."
- "O sentido de possibilidade tão necessário não vem só de dentro de nós ou dos nossos pais. Vem do nosso tempo: das oportunidades particulares que o nosso lugar particular na história nos oferece."


Se folheado o livro parece assustador, com tabelas, listas e gráficos, não o é de facto. É um livro muito útil, curioso, empolgante, questionador. É daqueles em que se aprende mesmo alguma coisa.


Aproveitando o que li e aprendi neste livro, e olhando para alguns factos da minha vida, consigo encaixar o puzzle que me permitiu estar onde estou e ser quem sou hoje. Situações aparentemente sem importância, mas que funcionaram como agulhas no percurso seguido, tal como num caminho-de-ferro. Se me debruçar com mais atenção, certamente irei encontrar muitos pontos que se enquadram naquilo que Malcolm Gladwell chama de "oportunidade" e de "legado".


Esta eu não sabia:"porque são redondas as tampas dos poços?"
"A resposta é que uma tampa não pode cair pelo buraco, por mais que se tente fazê-la passar. Uma tampa rectangular podia cair, bastaria pô-la em posição vertical ou oblíqua."
Vá, já podem concorrer à Microsoft...

terça-feira, 24 de julho de 2012

O Mago

Esta é mais uma história sublime, sobre uma civilização grandiosa. Wilbur Smith traz de volta a Taita, no papel do Mago, que conhece as tradições dos antigos Deuses melhor que ninguém, mestre da magia e do sobrenatural.
É mais uma vez chamado a proteger aqueles que lhe são mais queridos, o trono e o reino do Egipto, contra as forças do mal que ameaçam destruir o príncipe Nefer, neto da rainha Lostris.
Depois de O Deus do Rio, O Sétimo Papiro e O Mago, a saga continua e acaba com A 11ª Praga.
É realmente uma pena que este seja o último da coleção…mas de uma coisa eu estou certa, vou ADORAR este tanto quanto os outros!!

domingo, 15 de julho de 2012

Diz que há quem considere que até escrevo umas coisas engraçadas. 
Vai daí, os meus amigos ofereceram-me um Workshop de Escrita Criativa. 
E a página-metade ofereceu-me um livro de "um dos melhores contadores de histórias que há anos percorre as cidades e aldeias de Espanha e Portugal". 
É sempre bom descobrir coisas novas.

domingo, 8 de julho de 2012

Pode Curar a Sua Vida

Este pequeno livro de Louise L. Hay tem uma mensagem muito simples: aquilo que pensamos torna-se realidade. Ou seja, o nosso quadro mental acaba por materializar-se no nosso dia-a-dia, seja na vida social, afectiva, profissional, na saúde, em tudo. 
Embora esta tese pareça complexa, ou até sem sentido para alguns, o facto é que “aquilo que emitimos mental ou verbalmente regressa a nós na mesma forma”. 
Quem quiser testar isto de forma simples pode reparar que nos dias em que está furioso com “a vida” tudo corre mal, mas nos dias em que anda nas nuvens tudo corre maravilhosamente. Será apenas fruto das circunstâncias e das coincidências? 
Com uma vertente muito prática, Louise Hay, uma das gurus do new age, dá-nos dicas, mostra-nos outras perspectivas, abre-nos o horizonte para podermos receber tudo o que desejamos. E conseguirmos curar aquilo que não vai tão bem na nossa vida. 
A autora conta ainda o seu exemplo, e como conseguiu ultrapassar um cancro. “O cancro é um mal-estar provocado por um ressentimento profundo durante um período prolongado até que, literalmente, corrói o corpo”. 
Quando nos aceitamos, quando nos amamos, quando estamos em harmonia connosco, tudo flui naturalmente e somos felizes. 

Este é um perfeito livro de cabeceira.

sábado, 7 de julho de 2012

Respondendo ao desafio...

1. Principais manias como leitor? 
Hummm... não acho que tenha manias... 
- Mas gosto de sublinhar frases que entendo como aforismos ou que de alguma forma me dizem algo. E voltar a relê-las anos depois e continuar a gostar do que sublinhei.
- Consoante a pausa na leitura seja no início ou fim da página, o marcador fica virado para cima ou para baixo.
- Criei um código para marcar no telemóvel a página em que está alguma frase que me agrada e depois sublinhá-la, caso não tenha um lápis na altura da leitura.
Afinal sou capaz de ter algumas manias... :)

2. Lugar a visitar depois de teres lido o livro? 
Depende do livro. 

3. Personagem literária marcante? 
Não me recordo de nenhuma de momento. Ops!

4. Filme que não desiludiu depois de teres lido o livro? 
"As Pontes de Madison County".
Há ainda um filme que adorei e cujo livro tenho receio de ler: "O estranho caso de Benjamin Button". Este filme foi tão superlativo que tenho medo de perder a sua magia se ler o livro.

5. Autor nunca lido mas tens vontade de ler? 
Thomas Mann (n'A Montanha Mágica) ou Dostoievsky (com O Idiota)

6. Livro que não conseguiste acabar?
Vários. Mas realço "Guerra e Paz", que já tentei duas ou três vezes...

7. Tema para um livro da tua autoria?
Julgo que não teria um tema exclusivo. A imaginação é uma coisa surpreendente e aleatória.
Mas, quanto ao estilo, seria clara a influência do fantástico de Gabriel Garcia Marquez. Basta ler alguns esboços de contos que tenho para perceber a evidência dessa faceta. Gosto de ser surpreendido quando leio, por isso também me agrada surpreender. Confesso que quem leu gostou.

8. Citação retirada de um livro? 
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo".
Esta primeira frase de Cem Anos de Solidão assalta-me de vez em quando, ou não fosse este o meu livro preferido.

9. Um livro inspirador? 
Depende do estado de espírito em cada momento e em cada livro lido.  Mas posso apontar o último que li: "Pode Curar a Sua Vida", de Louise L. Hay.

10. Último livro que compraste por impulso?
"Uma parte do todo", o primeiro romance de Steve Toltz. Do que espreitei, é uma história absolutamente delirante de uma família australiana.


Página-metade, é a tua vez ;)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Desafio Literário II

aqui fica mais um desafio literário para quem estiver inspirado...

1.       Principais manias como leitor?

2.       Lugar a visitar depois de teres lido o livro?

3.       Personagem literária marcante?

4.       Filme que não desiludiu depois de teres lido o livro?

5.       Autor nunca lido mas tens vontade de ler?

6.       Livro que não conseguiste acabar?

7.       Tema para um livro da tua autoria?

8.       Citação retirada de um livro?

9.       Um livro inspirador?

10.   Último livro que compraste por impulso?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Onde está o Coração






Esta é a história de Novalee Nation, que aos 17 anos se vê grávida de 7 meses, com 17 kilos a mais. Saiu de casa com o namorado Willy Jack, um aspirante a músico, convencida de que iria ter uma vida melhor na Califórnia e uma paragem para ir à casa de banho num Wal-Mart acaba por mudar a sua vida para sempre... Ao sair da loja, Willy Jack desaparecera, deixando-a com apenas 7.77 dólares no bolso e uma polaroid.
Não era suposto ter sido assim, mas Novalee sempre teve azar com os 7.
Com os sonhos desfeitos e sozinha naquele lugar onde todos lhe são estranhos, Novalee não sabe o que fazer e encolhe-se num banco do parque de estacionamento enquanto pensa como foi que chegou até ali. Ela não sabe, mas está prestes a conhecer um grupo de pessoas muito diferentes mas profundamente afectuosas que vão mudar o seu pequeno mundo.
Entre essas pessoas está a Irmã Thelma Husband, uma mulherzinha de cabelo azulado e um grande sorriso, que lhe oferece conselhos e fotocópias da Bíblia, uma mulher que lhe ensinaria o que quer dizer lar - o lar é o sítio que nos pode agarrar quando caímos e todos nós caímos. 
O sensato, afável e velho fotógrafo, Moses Whitecotton, um homem de pele negra que lhe colocaria nas mãos uma máquina fotográfica e lhe ensinaria que o mais importante era ela saber que, no momento em que ela tirava uma fotografia, estava a ver uma coisa de uma maneira que mais ninguém iria ver. Nunca esqueceria as suas palavras: não estejas assustada...lembra-te de que sabes tirar fotografias com o coração.
Benny Goodluck, um rapazinho moreno de voz doce que lhe deu uma árvore cheia de magia, dá sorte, ajuda-nos a encontrar coisas de que precisamos...ajuda-nos a encontrar o caminho para casa, se nos perdermos, disse-lhe ele.
Lexie, uma mulher cheia de vida que não sabia dizer não e que lhe ensinaria o que é a amizade, vê bem o que já conseguiste, Novalee...olha tudo o que fizeste, sozinha.
Forney Hull, o excêntrico bibliotecário da cidade, que esconde os seus segredos e sentimentos por detrás dos seus livros e barrete de malha castanho e que, no entanto, lhe ensinaria o que é o amor, o que eu quero, Novalee, é estar contigo... estar contigo e com a Americus.

E uma criança chamada Americus que lhe ensinaria a confiar na felicidade.

No final, Novalee sorri à sua pessoa de 17 anos, porque apesar de todas as contrariedades conseguiu ser feliz. Este é um livro que nos faz acreditar na força da amizade, do amor e na bondade de pessoas que, com gestos simples, podem mudar o mundo, ainda que tenha sido apenas o mundo de Novalee.
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Como é possível não acreditar que há livros que estão destinados a vir parar-nos às mãos?  Na semana passada mudei de instalações e foi necessário limpar armários. A minha colega sabe que adoro livros e pergunta se quero ficar com este. Não olhei bem para ele, mas não ia abandonar um livro à sua sorte. Quando consegui ler a sinopse, qual o meu espanto quando vejo que se trata do livro que deu origem ao filme "A Voz do Coração" com a Natalie Portman!! Inacreditável! Havia adorado o filme, tanto quanto agora o livro!!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Nascimento de Vénus

Se tivesse de resumir o livro a não mais do que algumas palavras, dira que é uma história de amor, erotismo e morte na Florença renascentista.

«Alessandra Cecchi tem quase quinze anos quando o pai, um próspero mercador de tecidos, contrata um jovem pintor para pintar um fresco na capela do palazzo da família. Alessandra é uma filha da Renascença, tem uma mente precoce e um temperamento artístico… e rapidamente fica inebriada pelo génio do pintor. 
Muitos anos depois, a irmã Lucrezia morre no convento onde passou grande parte da sua vida. Perplexas, as outras freiras observam a estranha serpente tatuada no seu corpo.
É que, antes de entrar para o convento, a irmã Lucrezia era Alessandra. Jovem, bela e inteligente, ela viveu o esplendor e luxo da Florença renascentista, conviveu com os ricos e poderosos, criou, amou, transgrediu... Como foi ela parar àquele convento? O que significa a tatuagem na sua pele? Quais foram afinal as causas da sua morte?»

Um envolvente romance de mistério e paixão no século XV, a retratar em detalhe e minúcia a arte, riqueza e podridão de Florença.

É mais uma vez um romance de amor, mistério e arte com uma mulher que vive desafiando os costumes da época, em toda a sua irreverência. Toma-nos pela mão e convida-nos a entrar numa Florença renascentista, um dos mais formidáveis centros de cultura e arte da história da humanidade.

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Não posso deixar de concordar com as palavras do repórter do Daily Telegraph:
"Sarah Dunant retrata de uma forma viva e intensa a Florença Renascentista: a imoralidade, a brutalidade, a vitalidade, as maquinações políticas... magistral!! "


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Livro (em) Directo

Na Visão desta semana, há uma reportagem sobre Pedro Chagas Freitas, o "turbo-escritor".
No próximo fim-de-semana, entre as 9h30 de sábado e as 18h38 de domingo, ou seja, durante 2012 minutos, vai escrever ininterruptamente o Livro (em) Directo.
Para esta brincadeira contará com mais 21 pessoas no desenvolvimento dos capítulos.
Esta ideia peregrina, deste jovem de 32 anos, não é nada de estranho. Já em 2010 publicou dez obras de uma só vez.

É possível seguir a obra em Livro2012.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Terceiro Homem

O Terceiro Homem não foi escrito para ser lido, mas sim para ser visto”, indica o prefácio em jeito de apresentação. 
De facto, esta história foi escrita como argumento para um filme realizado e interpretado por Orson Welles, em 1949. 
A acção decorre em Viena, no rescaldo da II Guerra Mundial, estando a cidade então dividida entre as quatro potências aliadas (Rússia, Inglaterra, França e Estados Unidos). 
Holly Martins (que no meu livro é Rollo Martins…) chega à cidade para encontrar-se com o amigo Harry Lime, mas este tinha sido atropelado e falecera. Vai apenas ao seu funeral. 
Martins, sendo um escritor medíocre, veste a pele de espião para desvendar o que realmente está por trás da morte de Lime. Assim, vai descobrindo que o seu amigo estava envolvido em situações pouco claras. 
Apresentando-se sempre como muito amigo de Harry Lime, conhece várias personagens que lhe vão permitir perceber quem realmente era o amigo, e esclarecer o que se passou na noite do atropelamento. Esta investigação por conta própria, em clima de constante suspense, vai levá-lo a desvendar segredos do seu amigo, que afinal era um homem sem escrúpulos. 
A reviravolta final acontece nos últimos capítulos, quando Martins vê alguém numa esquina… 
E nada é o que parece. 


Sem uma escrita fulgurante, Graham Greene pinta um mundo de espionagem na Europa de meados do séc. XX. 
Ao longo das poucas páginas deste livro, sentimos a tensão de uma investigação feita nesse ambiente pós-guerra, em que ninguém é de confiança, e ninguém pode desconfiar da verdadeira intenção de Martins. 
Um aspecto que me perturbou na leitura foi a quase indefinição de um narrador. Ora esse papel cabia a um polícia-espião que, de certa forma, acompanha Martins, ora não há esta terceira pessoa a contar a história de fora.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Sétimo Papiro

Tudo começa quando Duraid Al Simmu e Royan descobrem no túmulo da rainha Lostris uma série de papiros deixados por Taita, o seu escravo pessoal. Os papiros são o seu último tributo, o seu legado além-túmulo e parecem ser uma espécie de diário.

Ao decifrarem cada um deles, rapidamente descobrem que o sétimo papiro poderá conter a chave de um segredo com cerca de quatro mil anos. Nele, Taita, relata o funeral do faraó Mamose e regista a grandiosidade dos tesouros que o acompanham na sua viagem para o além. Duraid Al Simmu e Royan estão certos de que, decifrando os enigmas de Taita, ser-lhes-á revelada a localização exata do túmulo do Faraó Mamose.

Mas, ainda antes do papiro estar completamente decifrado, Duraid é brutalmente assassinado e os cadernos, todas as suas notas e o papiro desaparecem. Royan consegue escapar e sofre mais uma tentativa para acabarem com a sua vida. Parece haver alguém obstinado e disposto a tudo para localizar o tesouro.

Depois das cerimónias fúnebres, Royan resolve regressar a Inglaterra para cumprir a promessa que fizera a Duraid antes de ele morrer. Sem perder tempo, procura Nicholas Quenton-Harper, um aristocrata e eminente colecionador de antiguidades (não pode ser verdadeiramente chamado de arqueólogo) e desafia-o a partir rumo à Etiópia em busca do túmulo perdido do Faraó Mamose. Quenton-Harper não pensa duas vezes. Além de que esta poderá ser a oportunidade que esperava para sair do buraco financeiro em que se encontra, a ideia de poder vir a viver mais uma grande aventura é mais forte do que qualquer outra.

Nicholas prepara tudo como se fosse caçar para as terras altas da Etiópia e conduz-nos pelas estradas quentes, paisagens e margens do Nilo ao longo de vários quilómetros que é como quem diz páginas. As buscas começam e são vários os indícios de que Taita terá estado ali milhares de anos antes, procurando o lugar ideal para a construção da última morada do Faraó.

Visitam um mosteiro por altura das festas e descobrem que aquele poderá ser o túmulo de Tanus ou do próprio faraó Mamose, uma vez que Royan acredita que Taita trocou as múmias, prestando uma última homenagem ao seu querido amigo. Numa incursão noturna ao mosteiro, descobrem o testamento de Taita. Decifradas as charadas que contém, estarão mais próximos de descobrir o túmulo.

Decidem regressar a Londres e preparar-se para o começo das escavações antes do período das chuvas, mas os seus inimigos conspiram nas sombras e são impedidos de voltar à Etiópia como turistas. Este pequeno revés não os impede contudo de regressar. Estão demasiado perto de conseguir descobrir a última morada do Faraó Mamose e todos os seus tesouros...
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Exímio contador de histórias, Wilbur Smith coloca-nos no centro de mais uma intriga, recheada de suspense, numa aventura passada no Antigo Egipto onde Taita é protagonista e é quem, mais uma vez, dita as regras.

domingo, 20 de maio de 2012

O Teu Rosto Será o Último


O primeiro romance de João Ricardo Pedro é notável!
Começo a ler a pensar o que virá aí... 
Com frases curtas, objectivas, cruas, cadenciadas, sou apanhado por este romance vencedor do Prémio Leya de 2011, e primeiro livro do autor. Surpreendente!
Com capítulos aparentemente autónomos, que constituem quase mini-contos, João Ricardo Pedro vai bordando a história de uma família com origem numa terra com nome de animal no lado sul da Gardunha.
De uma forma simples, crua, leve, e impetuoso, com humor e comparações surpreendentes, o autor junta episódios, conta histórias, diverge para algo aparentemente lateral...
A forma como enumera factos, coisas, situações, semelhante ao que fazia Saramago, confere velocidade à narrativa e dá-nos vontade de ler mais e mais.
E a surpresa que espreita a cada frase, a cada parágrafo, lançando momentos surreais no meio da narrativa, leva-nos a esboçar muitos sorrisos a cada página lida.
O centro do romance acabará por ser Duarte, o jovem promissor de uma família com muito passado. E é à volta dele que vão ficando impressas as outras personagens: o avô Augusto Mendes, a avó Laura, o pai António, a mãe, o amigo pobre... tudo no Portugal dos nossos pais, avós e até um pouco de todos nós.
Tem capítulos que são uma primorosa obra de arte, como por exemplo o da mãe de Duarte. Tem outros capítulos que aparentemente não acrescentam nada à narrativa, mas que dão gozo ler imaginando o prazer que deram a escrever.
“O teu rosto será o último” é um dos livros que mais gostei de ler nos últimos tempos.

Uma campanha de marketing muito bem feita, a unanimidade dos críticos sobre a qualidade da obra, o destaque permanente na feira do livro, e temos um sucesso literário escrito por um engenheiro desempregado.
Na feira, ao pedir um autógrafo, perguntei ao João Ricardo Pedro como tinha surgido a história: se já a tinha na cabeça, ou se foi sendo feita à medida que escrevia. Disse que foi esta última, e com tempo.
A teia ficou muito bem urdida.
Como ele dizia ao autografar o livro, “espero que goste”.
Eu gostei muito!

Entrevista do autor aqui.

sábado, 12 de maio de 2012

Meu Pé de Laranja Lima


Este é o livro que consagrou José Mauro de Vasconcelos, autor brasileiro nascido em 1920. 
Esta é a história de Zezé, um menino de 6 anos, “pobre, inteligente, sensível e carente. Com a falta de afecto que não encontra na família, o endiabrado rapaz vai pelas ruas fazendo mil travessuras. 
Zezé aprende tudo sozinho, é o “descobridor das coisas”. Descobre a ternura e o carinho no amigo “Portuga”. Inventa para si um mundo de fantasias em que o grande confidente é Xururuca, o pé de Laranja Lima. Mas a vida ensina-lhe tudo demasiado cedo, e Zezé descobre o que é a dor e a saudade”. 
É um mundo visto pelos olhos de uma criança de 6 anos, cheia de traquinices, que nos seduz e encanta a cada página (apesar de escrito em brasileiro baiano). Zezé é, simultaneamente, uma criança ternurenta e cheia de ideias traquinas: é ele que vai engraxar sapatos para oferecer um maço de cigarros ao pai desempregado; é ele que faz uma cobra a partir de uma meia para assustar pessoas; é ainda ele que rouba flores para dar à sua professora, a mais feia de todas; é também ele que jura matar o Portuga, de quem se vem a tornar amigo inseparável... 
Este é um Principezinho em versão pobre e que enfrenta um mundo de dificuldades. Mas, por isso mesmo, um hino à sensibilidade, ao amor, e à própria infância. 


Para quem aprecia histórias simples, com palavras simples, mas repletas de sentido e significado, este é um livro que recomendo sem meias palavras.

(O facto deste livro estar escrito em brasileiro baiano inicialmente dificultou a leitura. Mas rapidamente entrei no registo, e mudei de língua em cada página lida. É apenas uma questão de estilo).

sexta-feira, 11 de maio de 2012


‎"Os meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever, inclusive a sua própria história."

Bill Gates

domingo, 29 de abril de 2012

O Livro de San Michele

Há uma década que este livro estava à espera! 
Primeiro da Colecção Dois Mundos, dos Livros do Brasil, o autor diz que este é “o livro da vida”. 
Centrado na vida do médico Axel Munthe, personagem central do livro e seu autor, acompanhamos ao longo de muitos anos a sua vida e as peripécias por que passou. 
Ainda jovem médico em Paris, começa a ganhar notoriedade e torna-se o preferido da elite. Todos recorrem a ele, principalmente as mulheres, e todos aguardando um único diagnóstico: colite. Era a doença bem da altura. Quem fosse bem tinha de ter esta doença. Mesmo que não a tivesse. O médico, para alegria dos seus pacientes, diagnosticava-lhes a doença pretendida. Um pormenor delicioso desta parte do livro: ninguém, nem o próprio médico, diziam o que era esta misteriosa doença. 
Outra peripécia foi quando teve de ser cangalheiro de um morto num comboio a atravessar meia Europa. Com um humor muito suave, os mal-entendidos vão-se sucedendo e será mesmo ele a ter de tratar dele até ao destino, em Estocolmo. 
Há ainda a empregada do seu consultório, feia, indescritível, com cheiro a ratos, que não consegue despedir. Quando pede a amigos para o fazerem, repentinamente ficam doentes e também não conseguem. Sendo que começa a surgir um boato na elite parisiense: a dita senhora seria amante do Dr. Axel. Um delírio! 
Um aspecto central da personagem Axel Munthe é a sua profunda atenção aos animais. Devota-lhes um cuidado raro, um respeito comovente. Será, na vida real, um dos precursores dos direitos dos animais. 
Ao longo do livro, as viagens por várias cidades europeias vão-se sucedendo até regressar definitivamente a Anacapri, na ilha de Capri, no Mar Tirreno, ao largo de Nápoles.
Ali vai recuperar San Michelle, uma propriedade semi-abandonada, sobre a qual um velho lhe tinha falado quando Munthe era ainda jovem.

Em termos de apreciação do livro… não é um livro que me tenha agarrado. A escrita não é sedutora e o conteúdo não me apaixonou.

Fui lendo, página após página, levado pela resenha do próprio livro:

"O Livro de San Michele é, como diz o seu autor, "o livro da vida". Da vida que transforma o mundo, da vida que não descansa, que não se imobiliza nunca, mas que, se acaso apresenta a cada passo novos aspectos, fisionomia nova, nova aparência, é sempre e essencialmente a mesma.
Axel Munthe, que o não ignora, sabe também que só o amor da humanidade, que só o humaníssimo amor do próximo- gente ou bicho, adulto ou criança, pessoa ou animal- nos redimee salva dos inevitáveis egoismos. é um mestre da generosidade, um professor de ternura, uma energia ao sabor da mais límpida, da mais elevada, da mais devotada fraternidade humana. Ele quer os homens sãos e crentes, a infância pura e alegre, a adolescencia entusiástica e a velhice piedosa e serena.
Chamar a Axel Munthe só um grande escritor, idealista- é pouco porque ele é muito mais ainda: é um raro exemplar de Homem superior, de Homem completo, vencedor sempre das mesquinharias e dos egoísmos da existência.
Lê-lo e meditá-lo é aprender e viver. Nenhum livro como este poderia abrir melhor a "Colecção Dois Mundos" porque em nenhum outro vibra tanto e se afirma tanto a simpatia de alma que aproxima e enleia indivíduos, pátrias, continentes e povos"

segunda-feira, 23 de abril de 2012

para assinalar o Dia Mundial do Livro...


... convido todos a entrar neste cantinho partilhado!
Então aqui não se assinala do Dia Mundial do Livro?! 




"O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril. Trata-se de uma data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste dia desapareceram importantes escritores como Cervantes e Shakespeare. A ideia da comemoração teve origem na Catalunha: a 23 de Abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo."

sexta-feira, 20 de abril de 2012

o mundo está cheio de ...


Ao aceitar o desafio deixado pela minha “página-metade” percebi que tenho perdido tempo, precioso e que não tenho, com livros que não mereceram definitivamente a oportunidade que lhes foi dada (muitos não viram a sua capa publicada aqui), enquanto outros, esquecidos, esperam pacientemente por um pouco de atenção enquanto não são retirados de uma qualquer prateleira.

Assim, consultei os meus botões e a solução passaria por fazer uma lista. Depois de passar os olhos por outras publicadas, compostas por vários autores e respetivas obras, consegui selecionar uma série de nomes, algumas estreias, verdadeiros desconhecidos, alguns desenterrados das brumas da memórias e muitos nomes familiares.

O próximo passo foi tentar perceber se estariam publicados neste nosso pequeno país onde a língua que falamos não é a mesma da do resto do mundo no que toca a livros.
Não foi por isso uma surpresa perceber que muitos estão esgotados ou não se encontram publicados/traduzidos e, aqueles, poucos, que têm a honra de o ser vão continuar no anonimato penalizados pelo preço a que são disponibilizados ao público em geral. Não há carteira portuguesa que resista à máfia literária instalada, quando vemos a versão original custar menos de um terço do valor da obra traduzida disponibilizada pelas nossas editoras (quer-me parecer que o grafismo da capa, o papel ou o tamanho da letra estão a ser excessivamente valorizados em relação ao conteúdo!).

Mas pensando bem, quem é que hoje em dia ainda lê os clássicos? Génios da literatura universal versus literatura de cordel/light e outra que não consigo sequer caracterizar como tal – a batalha está definitivamente perdida!

A solução vai passar por continuar a palmilhar as ditas Feiras do Livro e sítios virtuais equiparados onde por vezes se conseguem verdadeiras pechinchas, com alguma sorte à mistura a querer provar que é possível vender barato sem perder lucro.

Deixo-vos os primeiros que já moravam lá por casa e que já nem recordava ter: 
A Divina Comédia – Dante Alighieri; Os Contos de Cantuária – Geoffrey Chaucer; Evanhoe – Walter Scott; Moby Dick - Herman Melville; A Um Deus Desconhecido – John Steinbeck; Grandes Esperanças – Charles Dickens; O Americano Tranquilo – Graham Greene; Livro do Desassossego – Fernando Pessoa; Frankenstein – Mary Shelley e Orgulho e Preconceito – Jane Austen, entre outros. Irei publicar em breve as primeiras impressões de uma lista que promete ser longa...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Desafio II

1 - Qual o último livro que leste?
"A Senhora do Rio" de Philippa Gregory, aqui publicado

2 - Qual o próximo livro que queres muito ler?
É difícil dizer, há tantos que quero MUITO ler

3 - Só lês um livro de cada vez ou mais que um?
A minha atenção vai para apenas um de cada vez

4 - Menciona um livro que te tenha surpreendido pela positiva.
“O Jogo do Anjo” de Carlos Ruiz Záfon. Depois de ler “A Sombra do Vento” que adorei, não pensei que fosse ler outro dele tão bom quanto o primeiro

5 - Menciona um livro que te tenha surpreendido pela negativa.

“ O Corpo Estranho” de Robin Cook, aqui publicado. Mas há muitos que ficaram pelo caminho e outros que levei até ao fim pensando que ainda podiam melhorar, o que não aconteceu

6 - Que filme te lembras de ter visto mais recentemente adaptado de um livro?
“As Serviçais” aqui publicado. Mas nem o livro nem o filme me encheram as medidas...

7 - Quantos livros já leste este ano?
Não tenho por hábito fazer contagens

8 - Quantos livros queres ler até ao fim do ano?
Todos os que conseguir

9 - Qual o 1º livro que te lembras de ter lido?
“Os Cinco na Ilha do Tesouro” em francês. Coincidência ou não, acabei de adquirir o mesmo exemplar em português (o nº 1 da coleção) para recordar o entusiasmo que senti ao ler a história (e inevitavelmente perceber o que se perde nas traduções)

10 -Qual o género de livros que gostas mais de ler?
Gosto de ler de tudo um pouco, mas acho que a minha preferência vai para o romance histórico. Essencialmente aquele em que existe uma pesquisa cuidada e em que apenas os fatos omissos são romanceados.

11 - Acham este tipo de desafio muito chato?
HOJE não...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Escritor despedido

Para se transformar em escritor bastou ser despedido. 
É João Ricardo Pedro, vencedor do Prémio Leya 2011, com o livro de estreia "O teu rosto será o último".
Inspirador.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Desafio...

Por hábito os desafios não se imprimem nestas páginas... mas vamos lá fazer este do Pereira's Book:

1 - Qual o ultimo livro que leste? 
"Um Homem: Klaus Klump", do Gonçalo M. Tavares

2 - Qual o próximo livro que queres muito ler? 
Não sei por que, mas tenho me lembrado de "Arco do Triunfo", do Erich Maria Remarque. Coisas da adolescência.
Mas tenho vários que ganharam o Prémio Leya que me estão a tentar...

3 - Só lês um livro de cada vez ou mais que um? 
Um de cada vez. Tenho muita dificuldade em ler vários em simultâneo.

4 - Menciona um livro que te tenha surpreendido pela positiva. 
Hummm... não sei bem. Mas vou apostar em "Teoria da Viagem - uma poética da geografia", de Michel Onfray. Só para ser diferente. E já foi em 2009.

5 - Menciona um livro que te tenha surpreendido pela negativa.
Vamos lá ver... Já tive muitos que comecei e deixei pelo caminho...

6 - Que filme te lembras de ter visto mais recentemente adaptado de um livro? 
Só me consigo lembrar do fantástico "O estranho caso de Benjamim Button". Adorei o filme! E ainda não li o livro com receio de perder a magia do filme...

7 - Quantos livros já leste este ano? 
Poucos... Completos ou em tentativas?

8 - Quantos livros queres ler até ao fim do ano?
Não tenho objectivos de livros por ano.

9 - Qual o 1º livro que te lembras de ter lido? 
Por estranho que possa parecer, "Os Maias", que li antes da obrigatoriedade escolar e adorei.

10 -Qual o género de livros que gostas mais de ler? 
Não haverá um género. Depende do que apetecer no momento. Ora é romance simples, ora é histórico, ora é um ensaio (como o da resposta 4)... Cada livro é um vida.

11 - Acham este tipo de desafio muito chato?
Depende do estado de espírito :)

Não lanço o desafio a nenhum outro blogue livreiro, mas deixo o desafio à minha página-metade destas Palavras Impressas.