segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O velho que lia romances de amor

É um livro cujo título é muito mais poético que o seu conteúdo.
Prenda de aniversário (ou seria de Natal...?), num 10 de Dezembro de 2000, de uma pessoa muito especial, na altura devorei-o em apenas dois dias! Ainda hoje, volvidos tantos anos, não contenho o sorriso de cada vez que leio a ternurenta dedicatória…

Indo à história…
A história começa com um dentista carniceiro… que pouco contribui para a ecologia do romance. Apenas, em breves linhas, será um fornecedor de romances de amor para o velho.
“António José Bolívar ficou com todo o tempo para si mesmo, e descobriu qee sabia ler ao mesmo tempo que lhe apodreciam os dentes.”
Aos poucos, vai entrando António José Bolívar Proaño, o tal velho… É a sua história, em leves penadas, que liga as poucas páginas deste livro de Luís Sepúlveda.
Ainda jovem, emigra com a sua mulher, que pouco depois morre. Sozinho, o velho vai viver com os índios xuar. Volvidos uns anos, volta à sua aldeia, El Idilio.
Ele, o velho, é como que um elemento pacificador.
Ele senta-se com a chuva lá fora e vai folheando romances.
O velho lê como quem faz um puzzle, junta letras e palavras até lhes compreender o sentido.
“António José Bolívar Proaño dormia pouco, Quando muito, cinco horas de noite e duas à sesta. Bastava-lhe isso. O resto do tempo, dedicava-o aos romances, a divagar acerca dos mistérios do amor e a imaginar os lugares onde aconteciam as histórias.”
Um dos elementos centrais deste romance é uma luta com uma animal desconhecido. Quase como “O velho e o mar”. Uma luta entre um animal ferido no seu sentimento, uma onça fêmea a quem um gringo matou o macho. A onça empreende uma vingança contra os habitantes de El Idilio. Uma luta desigual perante a dor.
Só o velho, por ter vivido cm os índios xuar, conhece os segredos da floresta e dos seus animais, compreendo-os e sabendo jogar com eles.

O romance que o velho andava a ler começava assim:
“Paul beijou-a ardorosamente eanquento o gondoleiro, cúmplice das aventuras do amigo, fingia olhar noutra direcção e a gôndola, equipada com macios coxins, deslizava tranquilamente pelos canais venezianos.”

E ele, o velho, perguntava-se o que era uma gôndola; porque a cidade tinha água e não estradas; o que era “beijar ardorosamente”, pois nunca o tinha feito com a sua mulher; e julgava o cúmplice das aventuras…

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