quarta-feira, 22 de julho de 2009

O Clã do Urso das Cavernas

---

Quando ouvi falar neste livro pela primeira vez não tinha mais de 14-15 anos. Lembro-me que estavam todos fascinados com a colecção, menos eu. Não me interessava por este tipo de romance, a minha atenção estava voltada para alguns dos grandes clássicos portugueses.

O Clã do Urso das Cavernas, publicado em 1980, é o primeiro livro da colecção Os Filhos da Terra e o ponto de partida para uma viagem épica onde Auel nos leva a conhecer a vida dos nossos antepassados na última fase da Era Glaciar, quando os homens de Neandertal e de Cro-Magnon dividiam a Terra.
A história começa com uma catástrofe natural que deixa à sua sorte Ayla, a heroína do romance. A menina de cinco anos é inesperadamente encontrada pelo Clã, que fica apreensivo por esta ser dos Outros. Iza, a curandeira do Clã apieda-se da menina e não consegue seguir em frente sem cuidar dela. Naquele instante e inconscientemente, Iza adopta Ayla como sua filha, a filha que sempre quis ter. Autorizada a ficar com ela, tudo faz para que esta recupere rapidamente das suas mazelas. Os cabelos loiros, os olhos azuis inspiram surpresa a todos os membros do Clã por ser tão diferente deles e feia, mas acaba por ser aceite.
Creb, o Homem Santo também não lhe fica indiferente e junto com Iza procuram ensinar-lhe a linguagem, os costumes e tradições do Clã, o que não se revela tarefa fácil. Apesar dos progressos notáveis, Ayla não consegue anular a sua natureza, a sua essência, e vai sentir na pele o quanto é diferente, às mãos de Broud que sente por ela um ódio de tal forma profundo que o consome até ao espírito.
A curiosidade de Ayla por tudo o que a rodeia leva-a a interessar-se pela caça e pelo manejo das armas, algo que estava proibido às mulheres mas que ela passa a dominar com notável mestria, não sem contudo ser castigada por desobedecer aos costumes profundamente enraizados, que conferem sentido e permitem a sobrevivência do Clã.
Ayla torna-se mulher, forte e determinada em ser mãe. Ainda que bela e sensível, quem iria querer acasalar com alguém tão feio? Assim, Iza resolve ensinar-lhe tudo o que sabe sobre a magia curativa de forma a conferir-lhe um estatuto no seio do Clã.
Contudo, contra todas as convicções o milagre da vida acontece e, desafiando tudo e todos, é permitido a Ayla ficar com Durc – o seu bebé. O totem de Ayla é forte e tem-lhe dado sorte mas o curso dos acontecimentos não pode ser interrompido. O inevitável acontece. Alguém enfurece os espíritos e teme-se o pior. Ayla sofre mais uma vez o estigma de ser diferente e, de novo, é abandonada à sua sorte.
Fica a vontade de descobrir o que acontece a Ayla, as novas aventuras que ela vai viver e, para isso basta ler as sequelas: O Vale dos Cavalos, Os Caçadores de Mamutes (vol I e II), Planícies de Passagem (vol. I e II) e O Abrigo de Pedra.
--
O livro foi adaptado a filme com Daryl Hannah no papel de Ayla e chegou a ser nomeado em 1987 para Óscar de melhor Caracterização. Um à parte, nesse ano, Paul Newman ganhou o Óscar de melhor actor com o filme "A Cor do Dinheiro".
---
Entre 24 e 26 de Junho, Jean Auel esteve em Portugal para conhecer alguns dos sítios paleolíticos mais importantes do território nacional. A informação recolhida vai ser usada na produção do próximo romance da colecção Os Filhos da Terra, que relata o momento em que o Clã do Urso das Cavernas, personagens centrais da colecção, atravessam a Europa e chegam à costa Atlântica, actual território português.

Sem comentários: