sábado, 27 de março de 2010

As Oito Dádivas Eternas da Vida

“Mas o que significa satisfação pessoal, afinal de contas? Satisfação pessoal significa sentirmo-nos bem com aquilo que temos e com o que somos. Contudo, a satisfação pessoal não pode ser alcançada sem harmonia. Como é que podemos alcançar a satisfação e a harmonia interior?”

"As Oito Dádivas Eternas da Vida", de Paulo Carvalho, é um livro muito interessante, prático e útil no sentido de eliminarmos a ansiedade em que estamos mergulhados diariamente. Quando passamos a olhar o dia-a-dia, as coisas, de uma forma menos cristalizada, ganhamos uma liberdade, uma leveza, que muda a nossa vida. Sentimo-nos libertos, renascidos, abertos às inúmeras possibilidades da Vida. Começamos a sentir a harmonia naturalmente no nosso interior. Porque é aí a sua fonte natural, não qualquer factor externo a cada um de nós, seja na relação com os outros, no trabalho, as coisas que obtemos. “A harmonia é algo interior”.

Sucintamente, as dádivas são as seguintes:

- a dádiva da escolha
“não importa qual seja a nossa situação, temos sempre uma quantidade ilimitada de alternativas na vida.” Não acreditamos nisto, quando o lemos assim. No entanto, “o verdadeiro problema nunca é a nossa falta de escolhas – é a nossa falta de coragem”.

- a dádiva do prazer
Neste ponto é importante distinguir prazer de felicidade. “Para se sentir feliz, deverá envolver-se em actividades que o façam crescer por dentro.”
“De cada vez que temos a coragem de dizer ou fazer o que realmente queremos, aprendemos e desenvolvemo-nos. Todas as vezes que não o fazemos, murchamos e morremos um pouco”.
O maior prazer é sempre a auto-realização, o sermos nós mesmos. Sem medos. “A vida foi-lhe dada para retirar prazer dela. Abandone os seus medos e desculpas e exija o seu quinhão”.

- a dádiva de dar
“Não esqueça: não obtém o que deseja, obtém aquilo que der. Portanto, se quer mais, dê mais”. Dar não apenas coisas, mas atenção, respeito. Mesmo àqueles que nos prejudicaram. É difícil. Mas… “perdoar significa ter autoconfiança suficiente para continuar com as nossas vidas, em vez de utilizar continuamente os maus comportamentos dos outros para nos justificarmos.” Assim, “libertamos os outros e a nós próprios do ódio e da mágoa”.

- a dádiva do aqui e agora
Antes de mais, é preciso aprender a viver no presente. Mas é muito mais do que isso.
Este capítulo é absolutamente inspirador. E foram poucas as linhas que não sublinhei no livro.
“Pare com a sua busca da felicidade. Nunca a encontrará até deixar de procurar. A tragédia de procurar a felicidade é que ela se nos escapa precisamente porque a procuramos. Uma pessoa precisa de procurar o seu nariz? Portanto, pare! De cada vez que procura a felicidade, está a penas a distanciar-se dela”.
“A história dos seus dias é a história da sua vida. Um dia de cada vez é tudo o que alguma vez terá.”
Citando Maya Angelou: “se não gostar de alguma coisa, modifique-a. Se não pode modificá-la, mude a sua atitude. Não se queixe”.

- a dádiva do amor
“Há muitas e diferentes espécies de amor assim como há diferentes tipos de pessoas.” O amor é uma forma de energia, portanto só é saudável se fluir. “O amor precisa de fluir como a água na natureza para se tornar poderoso. Sem este fluir, a força do amor é limitada, frágil.”
“O amor é uma manifestação de liberdade. (…) Antes de podermos amar, temos de aprender a sentirmo-nos felizes connosco próprios.”

- a dádiva da morte
Não devemos temer a morte, precisamente por ser uma inevitabilidade, e preocuparmo-nos com isso provoca um “inútil e desconfortável sentimento de antecipação e impotência”.
O nosso corpo é um instrumento para realizarmos milhares de coisas diferentes. “A morte foi intencionalmente concebida para nos proteger. (…) A morte física é uma libertação da dor”.

- a dádiva da dor
“A dor é um sistema de alarme excepcional, uma sirene que nos diz quando algo está errado.” Simultaneamente, a dor tem o papel de ensinar-nos. Todos cometemos erros, e como tal devemos aprender com eles.
“A dor nunca é a causa dos nossos problemas, é apenas a consequência”. “A dor emocional é frequentemente apenas o resultados de um modo ineficaz de pensar.”

- a dádiva da compreensão
Cada pessoa é única e tem o seu próprio caminho, daí não devermos julgar ninguém. Devemos tentar compreender cada um, e a própria vida. “A vida não tem um sentido próprio. O sentido da vida vem de nós e das nossas escolhas.” “Os acontecimentos não têm nenhum significado independente. O seu sentido depende sempre da nossa perspectiva e dos nossos objectivos.” Portanto, para a vida ter mais significado, devemos criar objectivos significativos.

Para finalizar, “a sua derradeira finalidade na vida não é conseguir concretizar certos objectivos; a sua derradeira finalidade é conseguir ser feliz e crescer interiormente.”
Tudo o que pensamos determina a nossa acção e a nossa emoção. Portanto, para ser feliz, é necessário ser livre, abrir-se às possibilidades, fluir.

1 comentário:

Sofia disse...

Gostei, é sempre bom relembrar principios "básicos" de uma forma clara! Relembrar o que é mesmo importante e não nos esquecer-mos que está tudo nas nossas mãos, se não os factos pelo menos a forma como eles nos afectam. Não é uma questão de ignora-los, nem de passar por cima, mas de coloca-los ao lado das coisas que são importantes e relativiza-los. É bom sentir, mas é muito bom conseguirmos que se esse sentir não nos fizer bem podemos deixa-lo partir ou faze-lo partir. Enfim... agora escrevia um livro (chato, mas escrevia :-))