quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sputnik, meu amor

É o primeiro livro que leio do aclamado autor japonês Haruki Murakami... O que dizer? 
Confesso que há qualquer coisa que me deixa indeciso na forma de falar deste livro. 

Em traços gerais, é a história de um ou vários amores não correspondidos. 
Sumire é uma jovem que sonha ser escritora. K, um professor primário, é o seu confidente, com quem tem longas e estranhas conversas, às horas mais inusitadas da madrugada. Num casamento, Sumire conhece Miu, mulher de meia-idade por quem se apaixona e de quem vai ser secretária. A relação entre estas duas mulheres é estranha, pois nunca há uma assunção enquanto tal. Numa viagem pela Europa, em negócios, estas duas mulheres vão parar à Grécia, onde Sumire desaparece misteriosamente. Para ajudar na procura, Miu chama K… 
Um ponto que ressalta neste livro é a dificuldade em estabelecer relações com o outro. Cada um dos elementos deste triângulo vive num ambiente de solidão, que não é anulado pelo contacto que vão estabelecendo entre si. Há apenas contacto, sem ligações profundas. Essa dificuldade/dor perpassa ao longo das quase 200 páginas deste livro. A solidão marca cada página, cada diálogo, cada interacção entre as personagens. Há uma barreira invisível que limita essa aproximação com o estabelecimento de relações significativas. Há qualquer coisa que falta. 
Não por acaso, Sputnik significa companheiro de viagem, em russo.

Sobre Murakami? 
Talvez tenha a ver com a edição que li (da Biblioteca Sábado), em que as frases são demasiado correntes (vulgares?) e contém vários erros de português, mas é um autor que não me convenceu por completo. No entanto, tendo em conta muitas opiniões que li e ouvi, estou curioso em ler “Kafka à beira-mar”.

sábado, 8 de setembro de 2012

A Queda dos Gigantes

Com este livro, Ken Follet dá início à trilogia O Século, e apresenta-nos a história de cinco famílias que se cruzam entre si, e que  coincidem com factos históricos do início do século XX. 
Com início em 1911, e estendendo-se até 1924, este longo romance dá-nos um fresco sobre a história europeia e mundial. Atravessa vários cenários, desde o País de Gales até os corredores do poder inglês, passando pelas trincheiras da I Guerra Mundial, pelo movimento sufragista feminino, pela revolução soviética... 
Ao longo de todo o livro é bem claro o confronto entre as várias classes, poderes e interesses que se digladiaram no confronto bélico. 
Mas há mais além do registo histórico: há os amores proibidos, há as relações de conflito entre pais e filhos, há a pobreza, há a força do religioso, há a ebulição do socialismo. 
À volta de cinco famílias (americana, alemã, inglesa, russa e galesa), Ken Follett constrói um romance histórico bastante plausível. Claro que há elementos que parecem estar a ser vistos muito com o olhar do início do século XXI, e que são estranhos quando contextualizados no início do século XX, mas não são demasiado perturbadores para a narrativa – pelo menos para mim, que prefiro ver as grandes tendências da História do que deter-me em pormenores. 
A proximidade que os membros destas cinco famílias acabam por ter é, simultaneamente, estranha para a época e enriquecedora pelo claro confronto de posições que representa. O quadro destas famílias acaba por ser o seguinte: a elite europeia (famílias inglesa e alemã), o povo (famílias galesa e russa), o corrupto (família americana... que no fundo é uma família russa que emigrou para os EUA). 
Descendo do patamar político, é interessante ver o papel que cabe às mulheres naquele tempo e naquela sociedade. E a força que tiveram (exagerada no livro?) para conseguir o voto feminino. 

Em resumo, foi um livro que gostei muito de ler, apesar de lido em duas “prestações”, o que fez com que levasse mais de um ano a lê-lo. Um livro com mais de 900 páginas não permite uma leitura rápida em termos logísticos. 

O livro seguinte desta trilogia já está encomendado: O Inverno do Mundo
O primeiro livro da trilogia já deixou algumas pistas pelo caminho que irão ter destaque no livro II: o ódio aos judeus por parte da elite alemã começa a aflorar; o "desvio" da revolução soviética face à promessa inicial; a emergência de personagens como Churchill.... 
Acho que vou gostar de ler a continuação.