quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Alma e os Mistérios da Vida

“Na noite em que nasceste, madrugada adentro, coisas estranhas aconteceram”.
Assim começa a história de Alma, a criança de cabelos cor de fogo.
Rejeitada por todos na aldeia desde o primeiro momento, as pessoas olham com estranheza para aquele pequeno ser e para todos os acontecimentos sem explicação em que se vê envolvido e, por não conhecerem ou conseguirem explicá-los, reagem naturalmente com medo e maldade. Apenas Ti Efigénia sabe o quanto ela é especial, talvez por também ela viver isolada do resto das pessoas por ser considerada bruxa.
Anos mais tarde, a mãe de Alma numa tentativa de despachar aquilo que considera um caso perdido, envia-a para Lisboa como criada de servir. No Palacete da Lapa, Alma é acolhida por Dona Sofia que lhe dedica todo o seu amor, cuidando dela como da filha que nunca teve e pela primeira vez Alma sente-se desejada.
A história de Alma avança, as várias personagens que com ela interagem vão subindo ao palco da narrativa, são-nos relatados pequenos episódios da história de cada uma, com uma sensibilidade incrível, bem vincada em cada palavra ou imagem que nos toma de assalto. O eco dessas palavras agarra-nos a cada página e faz-nos deslizar através do relato, caindo suavemente nele.
Alma vai estudar para Coimbra onde conhece os prazeres da vida académica e …Ricardo.

No entanto, Dona Sofia morre inesperadamente e Alma regressa a Lisboa. Fadada para a desgraça, mais uma vez só, Alma cai num silêncio urdido de tristeza, num torpor que lhe dilacera as entranhas.
Para superar o desgosto muda-se para Paris, regressando pouco depois à capital onde reencontra Ricardo. Acometidos por uma atracção descontrolada e por uma fome de estar um com o outro, roubam à vida de cada um algumas horas para estarem juntos. Mas um laivo de realidade assoma na vida de Alma e esta foge de Ricardo e de si mesma para sempre e uma vez mais fica só, cumprindo o seu destino.

Não tinha ouvido falar do livro e nem conhecia a escrita de Luísa Castel-Branco, e foi com alguma relutância que tomei a decisão de o ler. Fiquei completamente rendida logo nas primeiras páginas, e mais uma vez me convenço “ (...) de que aquele livro tinha estado ali à minha espera (...) ” [in A Sombra do Vento]

1 comentário:

GONIO disse...

Que relato apaixonante! E de uma forma também fantástica! (tens ali umas frases que são pura poesia...)
Faz favor de pôr na lista para me emprestares, sim :)