terça-feira, 12 de março de 2013

Kramer contra Kramer



Este livro surge por pura curiosidade.
Em Fevereiro, quando não se falava de outra coisa a não ser em Óscares, decidi averiguar o filme que havia ganho o tão afamado globo de ouro em 1980 – o ano do meu nascimento.


And the winner is: Kramer vs. Kramer.

Venceu em cinco categorias: melhor filme, melhor director, melhor actor (Dustin Hoffman), melhor actriz secundária (Meryl Streep) e melhor argumento adaptado.
Satisfeita esta curiosidade, vamos a outra. Tento primeiro ler o livro antes de ver o filme. Se não souber de antemão que este é baseado num livro, registo o facto e trato logo de o descobrir. E este foi um daqueles acasos. Lá estava ele à minha espera numa dessas feiras de livros despachados por já estarem fora de prazo.

Sobre a história não há muito a dizer. Ted Kramer, o típico pai de família que não vota muita atenção à família pois o sustento da mesma vem em primeiro lugar. A sua única preocupação é fazer bem feito o seu trabalho no intuito de ser reconhecido profissionalmente e ganhar mais dinheiro para poder prover tudo o que a sua família precisa. Recaem portanto sobre Joanna, a sua esposa, todas as agruras da vida doméstica. Joanna chega um dia ao limite e sai de casa, deixando um bilhete, Billy e todas as obrigações de dona de casa com Ted, que está longe de imaginar o que isso significa.
Assistimos às dificuldades e à forma como vão sendo vencidas com o apoio dos amigos e vizinhos. Joanna reaparece entretanto, decidida a ficar com o filho. Ted não cede facilmente pelo que acabam por encontrar-se na barra de um tribunal onde ambos lutam pela custódia de Billy.  

segunda-feira, 11 de março de 2013

Orgulho e Preconceito



Esta é uma história de amores, desamores, diferença vincada de classes, viagens pelo campo, propriedades, cartas que justificam, mortificam, rumores, encontros e desencontros.
Uma história com voltas e reviravoltas de prender o leitor desde a primeira página!
 Não posso contudo dizer que seja fácil ler Jane Austen, esta não nos deixa esquecer que escreveu este romance no séc. XVIII.

As palavras «orgulho» e «preconceito» semeadas ao longo de todo o livro servem de bitola a todas as nossas personagens, mas é Elizabeth e Darcy quem nos mostram o sentido das mesmas e a profundidade com que podem ser utilizadas para ferir alguém.

Tal como no filme, a história começa com a vinda de Mr. Bingley a Netherfield, um jovem bem-parecido que chega acompanhado da irmã, Caroline Bingley e de um amigo, Mr. Darcy.
Enquanto Bingley, de génio fácil é bem recebido no seio da comunidade rural, Darcy mantem uma postura mais distante e desconfiada, que todos interpretam como orgulho do alto da sua posição social.
Bingley fica imediatamente rendido ao encanto de Jane Bennet, apesar das intromissões grosseiras e embaraçosas de Mrs. Bennet e da relutância da irmã em aceitar a posição social inferior de Jane. Enquanto isso, Elizabeth é rejeitada por Darcy, que parece não levar muito a sério a afronta. Este é o ponto onde começam os enganos e desenganos que alimentam a animosidade entre ambos.


Mr. Wickham muito contribui para isso ao dizer-se profundamente injustiçado às mãos de Darcy, alimentando o ódio que Elizabeth lhe dedica. A história evolui e outro personagem entra em cena - Mr. Collins, o primo que herdará Longbourn após a morte de Mr. Bennet, um clérigo pedante que goza da protecção de Lady Catherine de Bourgh e que vem escolher, entre as irmãs Bennet, uma esposa. Rejeitado por Elizabeth, acaba por propor casamento à sua amiga íntima, Charlotte Lucas, que aceita, convencida de que não terá outra oportunidade para casar, embora sem amor.

Inesperadamente Bingley retira-se para Londres, deixando Jane confusa e desapontada, o que a leva, a convite dos tios, a passar uma temporada longe do Hertfordshire.
E aqui começam as viagens pelo campo, propriedades e as cartas que justificam. E é através de uma dessas cartas que Elizabeth começa a mudar de opinião em relação a Darcy. Confusa admite a si mesma que talvez se possa ter enganado em relação ao seu carácter, tendo-se deixado levar por Wickham e suas impressões. Meses mais tarde surge a certeza, durante um passeio pelo Derbyshire, quando Elizabeth visita Pemberley, a casa de Darcy, com os tios. Os desenganos parecem desfeitos quando a caseira que o criou desde a infância, o descreve de forma absolutamente contraditória aquela que Elizabeth acalenta.


Chega entanto a carta que mortifica. Lydia foge com Wickham ameaçando arruinar a reputação da família Bennet, mas tudo é resolvido sem demora para que ambos casem. Enquanto visitam Longbourn, Lydia comenta a presença de Darcy no seu casamento e, surpresa, Elizabeth acaba por descobrir que este é o único e verdadeiro responsável pelo casamento e pela salvação da honra da família.

Darcy e Bingley regressam a Netherfield e este último propõe casamento a Jane. Imediatamente surgem rumores de que Darcy fará o mesmo a Elizabeth. Lady Catherine, alarmada, vai até Longbourn e confronta Elizabeth, acabando involuntariamente por unir os dois.
E vivem todos felizes para sempre, Jane e Bingley em Netherfield, mudando-se depois o Derbyshire, para ficarem mais perto de Elizabeth e Darcy em Pemberley.
----------------
Passou uma semana desde que acabei o livro e não consigo deixar de pensar em todos os seus personagens, como se quisesse que a sua história não acabasse ali. Gostaria que ela pudesse continuar, saber o que é feito de cada um deles. E como irão ver, parece que alguém me fez a vontade….

domingo, 10 de março de 2013

Deixa-me entrar na tua vida


Alda e Luísa dividem um apartamento cujo único espaço comum é o hall de entrada. Alda é uma médica à primeira vista brilhante e querida de todos, Luísa é uma editora que vem partilhar a casa com a prima após esta ficar viúva. Duarte é um músico, amigo de Luísa.
Indo além neste retrato simplista, Alda, após a morte do marido, de quem não se consegue desligar, começa a beber. Embora diga que consegue controlar-se e que não é alcoólica, isso não corresponde à verdade. Luísa sabe da sua realidade, e tenta ajudá-la constantemente, mas em vão, abdicando da sua própria vida. Luísa vive em função de Alda. Não escolhe, não tem vida própria.
Luísa, entre os livros, as edições e os lançamentos, vai-se reaproximando de Duarte, um amigo de longa data, e que tinha estado ausente. Entre eles estabelece-se uma relação dúbia, de querer e não querer, de serem apenas amigos ou de serem mais qualquer coisa. Ele, sabendo do drama familiar de Luísa, tenta afastá-la desse mundo, tenta que ela tenha vida além da Alda.
Duarte vive entre os seus ensaios de jazz e a aproximação à Luísa. Com o desenrolar da história percebemos que Duarte tem uma experiência que pode ajudar Luísa a lidar melhor com a situação da Alda.
Neste livro, Margarida Fonseca Santos centra-se no tema do alcoolismo, e a história desenrola-se à volta destas três personagens. Luísa tenta ajudar Alda, que não quer ser ajudada e julga que está tudo bem. Duarte, o terceiro vértice deste triângulo, tenta ajudar Luísa a sair da sua dependência de Alda.
Com uma estrutura a três tempos, em que a cada momento uma das personagens principais vai assumindo o papel de narrador, Margarida Fonseca Santos transmite-nos as angústias e os sentimentos de cada uma de viva voz, e faz-nos entrar profundamente nessas vivências individuais. Ou seja, em “Deixa-me entra na tua vida” ganha vida a frase de Willian Styron: “nós vivemos várias vidas enquanto lemos”.