domingo, 30 de junho de 2013

Porque Falham as Nações


Trata-se de um livro revelador.

Daron Acemoglu, professor no MIT, e James A. Robinson, docente em Harvard, dão uma nova abordagem às causas do sucesso e fracasso dos países, numa análise não circunstancial, e olhando além da espuma dos dias.

“Este livro trata das enormes diferenças de rendimentos e níveis de vida que separam os países ricos do mundo, como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Alemanha, dos da África Subsariana, da América Central e do Sul da Ásia.”

Há realidades institucionais que se vão tecendo e conduzem ao sucesso ou ao fracasso dos países. É necessário conhecer melhor o passado e estudar a dinâmica histórica das sociedades. 

Através de inúmeros exemplos, para vários países e em momentos diferenciados, os autores explicam o sentido que algumas mudanças absolutamente contingentes imprimiram no rumo das sociedades. Detêm-se particularmente no caso da Grã-Bretanha, apresentado como caso de sucesso. Em contraponto, os casos de fracasso mais gritantes são os de países africanos.

Há dois conceitos centrais que vão acompanhar a análise: instituições extractivas e instituições inclusivas. As instituições relevantes para o estudo são as políticas e as económicas.

As extractivas, como o próprio nome indica, são instituições cujo objectivo é extrair o máximo possível da sociedade. A Coreia do Norte ou o Zimbabué são exemplos deste tipo de instituições.

“Para serem inclusivas, as instituições económicas devem integrar a protecção da propriedade privada, um sistema jurídico imparcial e a prestação de serviços públicos que assegurem condições equitativas para os que indivíduos possam fazer trocas e celebrar contratos; devem igualmente permitir a entrada de novas empresas e que as pessoas escolham as suas carreiras.”. Exemplo disto são os Estados Unidos e a Grã-Bretanha.

“Designaremos as instituições políticas que são suficientemente centralizadas e pluralistas por instituições políticas inclusivas. Quando um destes requisitos não for satisfeito, chamar-lhes-emos instituições políticas extractivas.”

Há uma relação muito estreita entre o tipo de instituições políticas e económicas existente em cada país, e ambas se influenciam reciprocamente. Instituições económicas inclusivas levam a instituições políticas inclusivas e vice-versa.

A partir daqui seria maçador estar a expor em pormenor os muitos exemplos, comparações e análises que este livro contém. De referir apenas algumas das muitas curiosidades que ficamos a conhecer com esta leitura: cidades que estão em dois países, sendo desenvolvidas num e atrasadas noutro; presidentes que ganham a lotaria; uma fotografia nocturna extremamente reveladora das duas Coreias; empresários que o são por terem contactos privilegiados; perspectivas de países que irão singrar e outros que dificilmente o conseguirão.

Uma coisa é certa: desenvolvimento não tem a ver com cultura, com geografia, nem com ignorância das elites. Tem a ver com a natureza das instituições que a contingência histórica e social permitiu que surgissem e se consolidassem.

Ao ir avançando na leitura deste livro, dei comigo a ver a realidade à luz dos seus parâmetros. Este livro funciona como um excelente guia para analisar notícias e medidas de natureza política e económica que vão surgindo diariamente. Nessa medida é altamente enriquecedor. E deveria ser lido por todos os cidadãos e reflectido com seriedade e sem peias de natureza ideológica.