sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Deus do Rio






O Deus do Rio é o primeiro livro de uma coleção apaixonante de romances «egípcios» de Wilbur Smith.

Fui, página a página, reconhecendo as personagens de uma mini-série que passou na televisão há alguns anos. Fui tentar apurar há quantos e descobri que é de 1999 e que se baseia no segundo livro da coleção: O 7º Papiro.

Em O Deus do Rio, conhecemos a corte do Faraó Mamose, participamos dos festejos, adoramos os seus deuses e percebemos que este não passa de um símbolo da decadência de um reino que já viveu em tempos dias gloriosos. Os seus súbditos ditos leais vivem com as mãos nos bolsos do Faraó, que não pensa em outra coisa que não seja acumular riqueza no seu túmulo para levar além da eternidade, enquanto o seu povo é obrigado a viver na mais perfeita miséria.

Taita - um escravo de superior inteligência, escreve o destino majestoso da sua jovem ama Lostris e do seu amigo Tanus enquanto a providência conspira para os afastar da sua bela Tebas, a cidade das cem portas. Os horrores de uma batalha que promete ser longa obriga-os a dar
início a uma longa e arriscada viagem para restaurar a majestade do Faraó dos Faraós nas resplandecentes margens do Nilo. Mais desenvolvimentos em O 7º Papiro...mal posso esperar!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Corpo Estranho







Nem sei por onde começar tamanha é a desilusão com o livro e com o seu autor.
Quando ouvimos falar em Robin Cook, invariavelmente ouvimos dizer que ele é o pai do thriller médico e dão-nos conta do seu sucesso ao referirem a sua vasta obra publicada. Contra ESTES factos não há argumentos.
Contudo, confesso que fiquei desiludida ao ler aquele que será o seu 25º título, deveria ter começado pelo primeiro? Terá sido esse o meu erro?

Mas passemos à história:
Jennifer Hernandez, a nossa protagonista, é uma estudante de medicina no seu último ano na UCLA. Enquanto fazia tempo na sala de espera do hospital, olha distraidamente para a TV e fica a saber através da CNN que a sua avó, Maria Hernandez, morreu após cirurgia num hospital na Índia. Chocada, parte de imediato para Nova Deli, devastada pela notícia. Dirige-se ao hospital onde tudo aconteceu e imediatamente é pressionada para tomar uma decisão: cremar ou embalsamar. Jennifer não quer tomar nenhuma decisão precipitada e tenta ganhar tempo enquanto procura respostas e recuperar do jet-lag. Nessa mesma noite, sem conseguir dormir, liga a TV para procurar pôr-se a par de possíveis desenvolvimentos na CNN sobre a história da avó. Fica a saber de mais um caso de morte e começa a suspeitar de que algo de estranho se passa.

Acorda e lembra-se de procurar o apoio de Laurie, uma amiga de longa data e que por mero acaso ela e o marido são patologistas forenses e ambos trabalham como médicos legistas (coincidência fantástica?!). Imediatamente, Laurie e Jack viajam até à Índia (como se a Índia estivesse logo ali ao virar da esquina), para examinarem o corpo de Maria Hernandez, quando o hospital se recusa terminantemente a efetuar uma autópsia. No dia seguinte, outro hospital regista mais uma morte. Imediatamente Jennifer entra em contacto com as viúvas e pede-lhes para não tomarem qualquer decisão em relação aos corpos, porque aguarda a chegada dos amigos que irão desvendar o dito mistério (que, nós leitores, já conhecemos desde as primeiras páginas do livro!). Jennifer faz entretanto algumas investigações por conta própria, ganhando alguns inimigos que procuram tirá-la do seu caminho.

Os amigos chegam finalmente a Nova Deli e dirigem-se ao Queen Victoria Hospital para uma consulta marcada previamente de Nova Iorque. Após a consulta, colocam o médico a par da razão da sua vinda à Índia e ainda conseguem a sua (preciosa) ajuda para realizarem a autópsia (terminantemente negada pelo hospital onde este trabalha!), como se fosse a coisa mais natural do mundo, e ainda trata de conseguir as instalações perfeitas à sua realização (qual é a probabilidade de isso acontecer na vida real? mais uma coincidência fantástica!). Conseguem em seguida tirar o corpo de Maria Hernandez do hospital e realizar a autópsia. Enquanto isso, Jennifer é raptada pelos conspiradores que querem perceber o que a fez suspeitar das mortes não serem naturais. Enquanto Laurie e Jack tentam chegar até junto dos outros dois corpos (e conseguem com a maior das facilidades), Jennifer consegue evadir-se precisamente com a ajuda da enfermeira que matou a sua avó...!
Os conspiradores são punidos e como num conto de fadas, todos vivem felizes para sempre! E o mais incrível é que tudo acontece no espaço de uma semana...


A conspiração é-nos revelada assim que Jennifer aterra na Índia, não chego a perceber onde está o dito mistério e quanto ao suposto suspense, não chego a perceber de todo! Na minha (modesta) opinião, o livro revela uma TREMENDA FALTA de imaginação, e se não estivéssemos a falar de Robin Cook, diria que o livro fora escrito por um amador neste tipo de enredos...

sábado, 19 de novembro de 2011

A Curva do Rio


“O mundo é o que é; os homens que não são nada, que se permitem tornar-se nada, não têm lugar nele”
É com esta frase que V. S. Naipaul, prémio Nobel da Literatura em 2001, inicia A Curva do Rio, cuja história decorre num país africano sem nome, numa cidade interior, na curva de um rio.
Salim, um jovem filho de indianos, compra uma loja numa cidade do interior desse país africano e pensa que assim terá um bom futuro. Mas num país pós-colonial, com enormes atrasos e sem sociedades desenvolvidas no sentido europeu, o conflito é uma realidade permanente.
A cada linha vemos as relações de dependência entre as pessoas, a escravatura, a pobreza, corrupção. Ao lado disto, temos um poder político omnipresente, primeiramente como esperança, depois como a única realidade dominante. E que a mim fez lembrar Orwell no seu assustador 1984.
Salim não tem grandes relações sociais. Num país africano, ele é indiano e as suas relações mais próximas são com indianos. De entre essas relações destacam-se um casal também comerciante que foi para a cidade, mas que vive de medo. Um casal de aparência social com o qual almoça uma vez por semana.
Além deste casal há Metty, um escravo da sua família que é impingido para ir viver com ele nessa cidade do interior. É muito interessante ver a relação entre ambos ou, indo mais além, seguir a ligação existente entre esses escravos e os seus senhorios. Em muitas situações é o escravo que acaba por ser o senhor. A relação entre Salim e Metty oscila entre a quase cumplicidade e o parasitismo puro.
Há ainda um amigo de juventude que graças aos estudos consegue ser próximo do presidente. É colocado na Cidade Nova, reencontra Salim, e a partir daqui seguem-se várias peripécias romanescas e as soirées (lembrou-me Os Maias) com pessoas relevantes socialmente. Raymond escreve discursos do Grande Chefe, é seu conselheiro privilegiado. Mas num país em ebulição, rapidamente cai em desgraça.
Em termos gerais, a história decorre num país pós-colonial, inicialmente cheio de esperança no progresso e no futuro. Mas rapidamente há um desmoronamento social, e é dramático ver o que acontece a todas as personagens. Da esperança passam ao descrédito. A violência, a corrupção, as guerras, rapidamente transformam em tragédia qualquer sonho, por mais básico que seja. A esperança depositada num novo poder político, com traços de iluminismo, rapidamente dá lugar a mais um regime totalitário. Os amanhãs que cantam vestidos de violência, tragédia, cegueira social. Tudo sempre com a melhor das intenções.
Aquilo que associamos normalmente a África aparece nesta obra em todo o seu esplendor. A Curva do Rio é um retrato dramático deste continente mergulhado numa permanente instabilidade e sem perspectivas de uma vida normal. 
(Declaração de interesses: sou manifestamente eurocêntrico).
Pelo tipo de personagens e pelos países que vão sendo citados, percebemos que este país sem nome fica próximo do Corno de África, algures entre a Tanzânia e a Somália.


Fora do âmbito da obra, o que me fez mais comichão no céu-da-boca foi o facto de já estar impresso em versão acordo ortográfico. Se esta alteração passa despercebida em quase todo o texto, há no entanto palavras que chocam. Destaco apenas uma palavra que surge inúmeras vezes e que é intragável: receção (em vez de recepção). Ler isto, e tentar articular de viva voz, é uma aberração.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Filha Pródiga





Mais um livro deste grande contador de histórias.

Mas o que é deveras fascinante em A Filha Pródiga é a forma como Archer reinventa a história das personagens que nos deu a conhecer em Kane & Abel
para nos contar a história da filha deste último – Florentyna Rosnovski. Apesar de recordamos cada um dos episódios, acrescenta a versão de um novo protagonista, têm de concordar que é de mestre!

Em Kane & Abel testemunhamos um duelo de titãs entre dois homens obstinados em se destruírem um ao outro, em A Filha Pródiga, a luta continua com Florentyna, filha de Abel. Dotada de beleza, de uma personalidade única e principalmente de uma vontade férrea ambiciona apenas uma coisa - ascender ao mais alto dos cargos.


Conhecemos Florentyna ainda criança e desde cedo ficamos com a impressão de que está destinada a grandes feitos, isso é certo, e no final de cada capítulo agarramo-nos a cada palavra como se fosse a última e no entanto há ainda muito para contar. É extasiante!
Se não fosse suspeita, diria que de uma singularidade, Archer consegue montar uma história que muitos diriam conhecer e no entanto lemo-la como se fosse a primeira vez!
A prova de que os filhos continuam a saga desta família singular. Recomendo!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Leituras em greve

Uma das coisas boas de dias como hoje, com greves, é que as longas esperas e demoras dos transportes permitem ler paginas e páginas de livros. 
Hoje, graças a isso, li umas 80 páginas d'A Curva do Rio.

sábado, 5 de novembro de 2011

"O mundo é o que é; os homens que não são nada, que se permitem tornar-se nada, não têm lugar nele."

Começa assim A Curva do Rio, de V. S. Naipaul, cuja leitura estou a iniciar.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

As Serviçais




As Serviçais (The Help), de Kathryn Stockett, fazia parte da minha lista de ‘livros a ler’, uma lista onde registo todos os livros que um dia gostaria de ler. Não fazia ideia do seu sucesso literário ou de que estava para breve a estreia da adaptação cinematográfica.
Como sempre, hesitei entre esperar pelo filme para depois ler o livro ou em começar pelo livro e só depois ver o filme. Acho que aquilo que me levou, desta vez, a começar pelo livro foi o alguém ter dito que a história era hilariante e nos tempos que correm rir não é o melhor mas o único remédio...

Começamos por conhecer Skeeter, que acaba de terminar a faculdade e que regressa a casa para seguir o seu sonho e tornar-se escritora, ainda que tenha de ir contra as convenções da época e os planos da mãe em vê-la com uma aliança no dedo. Através dela, conhecemos Aibileen, a quem pede ajuda e que por sua vez nos apresenta a Minny.Entre elas nasce uma cumplicidade quase imediata, o que leva Skeeter a escrever a história de Aibileen e, depois a de outras criadas que apesar de criarem e amarem as crianças das famílias brancas como se fossem suas, são discriminadas apenas pela cor da sua pele. Estas mulheres são a voz da esperança, da tristeza, do preconceito e da necessidade de mudança.
E, de facto, as suas vidas vão mudar para sempre!
«Talvez não seja demasiado velha para recomeçar, penso, e rio-me e choro ao mesmo tempo. Porque, ainda na noite passada, pensei que já não tinha nada de novo a fazer na minha vida.»

Sobre a segregação racial na América sulista, na década de 60, As Serviçais são um poderoso testemunho de que é possível mudarmos as coisas se tivermos a coragem necessária.
A desfavor só aquilo que se perde na tradução e que inevitavelmente fere o livro nas suas entranhas, é impossível não ficar com a sensação de que falta ali qualquer coisa para determinada frase pulsar de sentido.
Sobre o filme:
A sensação é a mesma do livro, não conseguimos parar a expectativa. No livro, a cada página, o que nos leva a não querer parar de ler, no filme, a cada take, para vermos a adaptação de determinado episódio retratado no livro. Há semelhanças e diferenças, um não é o retrato fiel do outro, o filme retira, enquanto o livro acrescenta, com o filme apenas damos um rosto às personagens que conhecemos intimamente ao longo de cada página. Mas não é o que acontece sempre? De qualquer forma recomendo ambos!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Livro do Amanhã


Por sugestão de uma leitora deste cantinho, uma pequena apresentação deste livro:

Tamara Goodwin tem dezasseis anos e vive confortavelmente numa mansão moderna com seis quartos, habituada a ter tudo o que quer quando quer. Mas, quando o pai morre deixando inúmeras dívidas, Tamara e a mãe não têm outra alternativa senão vender tudo e ir viver com parentes para um lugar distante e isolado junto ao castelo de Kilsaney. Para Tamara o choque parece inultrapassável, até que um dia uma biblioteca itinerante chega à vila trazendo consigo um misterioso livro encadernado a couro e fechado com um cadeado dourado… 
Com mais de um milhão de exemplares vendidos em todo o mundo, O Livro do Amanhã é o novo romance da autora de P.S. Eu Amo-te. 

A impressão que o livro causou na Filomena:
"Uma narrativa surpreendente, pela voz de uma adolescente inconformada. Prendeu-me do início ao fim e fez-me voltar à adolescência tal foram as peripécias de Tamara. Uma obra onde os valores da amizade, do amor e da família são os únicos pilares que conseguem erguer as personagens e onde o mistério e a espiritualidade nos cativam até à ultima linha. Num ambiente de magia e suspense vimos desfilar as primeiras experiências de uma adolescente assustada, vibramos com as suas investigações em cenários idílicos e participamos na descoberta de segredos, relembrando-nos que os afetos são a nossa prioridade nesta vida e que o nosso amanhã já foi escrito algures. "

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Jogo do Anjo







É mais uma vez uma história DE e SOBRE livros. Nas palavras do autor: "de quem os faz, de quem os lê e de quem vive com eles, através deles e até contra eles. É uma história de amor, amizade e, em alguns momentos, sobre o lado obscuro de cada um de nós" e termina dizendo que é sua intenção oferecer ao leitor uma "experiência intensa e convidá-lo ao jogo da literatura".

David Martín, o nosso protagonista, é um jovem escritor que vive em Barcelona na década de 20 e que ambiciona ter o seu nome impresso num pedaço de papel, tornando-se imortal (acho que isso é mesmo aquilo que todos os nossos personagens pretendem - viver para além de um pedaço de papel), capaz de vender até a alma para o conseguir. Seguimos de perto as suas tentativas, enquanto deambulamos por cenários familiares, como a pequena livraria Sempere e Filhos e o mágico Cemitério dos Livros Esquecidos, de onde, mais uma vez, o nosso protagonista retira um livro, além de esquecido, maldito.
É mais uma vez uma história que mistura o amor pelos livros, a paixão e a amizade. Temos também algum mistério como em A Sombra do Vento, confesso que vi algumas semelhanças, não só entre personagens, mas no preço que pagaram para chegar à verdade.

É também um livro que não se explica, compreende ou que se justifique. Não vou colocar aqui os pormenores da história, não quero retirar ao leitor o prazer de ver-se enredado nos labirintos de uma intriga sinuosa e ao mesmo tempo perigosa. A história flui veloz e vertiginosamente, com uma precisão narrativa que nos deixa exaustos porque simplesmente não conseguimos parar de ler. Quem gostou de A Sombra do Vento, vai certamente adorar esta nova lufada de mistério, entrar de novo no santuário dos livros esquecidos onde "cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar sobre as suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se mais forte. Neste lugar, os livros de quem já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, vivem para sempre, esperando chegar às mãos de um novo leitor, de um novo espírito..." eu acrescentaria: e de colocar aí toda a sua magia.

domingo, 23 de outubro de 2011

A Pequena Princesa



O filme é de 1995 e, de facto é uma história de miúdos, mas que continua a fascinar graúdos.
Guardo o filme nas minhas memórias de 'miúda' e, volvidos todos estes anos, eis que a história vem ter comigo novamente, agora em livro.


A história é encantadora, ou não o fossem todas as histórias de princesas. Não quis acreditar que fosse a mesma, até ler a sinopse:
«Aos oito anos, Sara vem da Índia para Inglaterra, enviada pelo pai para um colégio interno em Londres. Miss Minchin, a dona do colégio, invejosa das recomendações do riquíssimo Capitão Crewe para que rigorosamente nada falte à sua filha, acha que aquela criança deve ser insuportavelmente mimada. Pelo contrário, Sara adora ler e estudar e faz rapidamente amizade com as colegas e com Becky, a criadita que é posta ao seu serviço. Três anos mais tarde, chegam notícias de que o Capitão Crewe morreu na Índia, depois de perder toda a fortuna, e Sara vê-se subitamente rebaixada e tratada como a última das serviçais pela vingativa Miss Minchin. Até que um dia, um misterioso senhor indiano vem viver para a casa em frente e adoça a dura vida da órfã, ajudando-a a não se deixar quebrar pela maldade de Miss Minchin...»

Um filme/livro emocionante sobre o poder da amizade e sobretudo sobre o poder da imaginação! Deixo-vos com o trailer...e com algumas curiosidades.

"Because it's magic. Magic has to be believed. It's the only way it's real."

sábado, 22 de outubro de 2011

Vida sem Limites


Logo na capa Nick Vujicic deixa a pergunta: “se eu consigo ser feliz, porque é que tu não consegues?”
Nick Vujicic é um jovem australiano que nasceu sem braços e sem pernas. Ou seja, tinha todas as condições para ser uma das pessoas mais infelizes do mundo. Mas não é.
“Nasci sem quaisquer membros mas não me sinto constrangido pela minha situação. Viajo por todo o mundo, encorajando milhões de pessoas a superar a adversidade através da fé, esperança, amor e coragem, para que possam perseguir os seus sonhos”.
Este livro autobiográfico, com incidências de auto-ajuda e de evangelização (excessiva para meu gosto), é uma inspiração em vários momentos. Apesar de ter nascido com falta de peças (ele próprio brinca muitas vezes com a sua circunstância), isso não o tem impedido de realizar os seus sonhos e a sua “missão”. Aprendeu a fazer surf, a andar de skate, a atender o telemóvel atirando-o com o pequeno pé para o ombro, a pôr-se de pé sem ajuda… a gozar com as situações. Por exemplo, quando se escondeu no compartimento para bagagens do avião, por cima dos assentos, para ver a reacção dos passageiros quando o abriam para guardar as malas e encontravam este ser humano estranho.
Ao longo do livro Nick vai relatando as suas experiências de vida, as suas viagens, as histórias que tem acompanhado e que também o têm inspirado por todo o mundo. Sempre com um sorriso na cara, pois o sentido de humor não foge à sua vida sem limites: “sem braços, sem pernas, sem limites” é justamente o título do capítulo dois.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

As Pontes de Madison County


Se tivesse de escolher a mais bela história de amor literária, escolheria, sem sombra de dúvida, a protagonizada por Robert Kincaid e Francesca Johnson.

Robert Kincaid, 52 anos, fotógrafo da National Geographic – um solitário viajante que colecciona imagens, imagens de desertos áridos, de rios longínquos, de cidades perdidas, um homem que sente não pertencer ao tempo em que vive.
Francesca Johnson, 45 anos, noiva italiana do pós-guerra, vive nas colinas do Iowa com as memórias ainda vivas dos seus sonhos de juventude. Esta estabilidade frágil que ambos vivem é quebrada quando Robert Kincaid atravessa o calor e o pó de um Verão do Iowa e chega à quinta de Francesca em busca de informações. Este é o momento em que as suas vidas se entrelaçam num invulgar momento de alucinante beleza, em que ambos se deixam levar pelos seus sentimentos e durante quatro dias vivem experiências de toda uma vida e que recordarão sem cessar até ao fim dos seus dias.

O resultado? A história de um amor na sua forma mais pura e até ingénua. Através de uma linguagem simplesmente apaixonante e profundamente comovedora, Robert James Waller consegue, transmitir-nos um conjunto de imagens onde a solidão, o amor, o sofrimento e os valores se misturam elevados ao nível mais profundo que se possa imaginar.

Não aconselho o filme antes de lerem o livro. Embora Richard La Gravenese seja o homem certo para este tipo de filmes, o sentimento que une as personagens é tão profundo que não pode ser reduzido a meia dúzia de takes, mas só quem leu o livro poderá perceber isso.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Livro Mágico



Olhei para o livro, para a capa e depois para o título: “O Livro Mágico - Uma história fantástica de auto-descoberta e transformação”.


«Gostei de «O Livro Mágico», não gostei da parte da «auto-descoberta e transformação», pensei logo num livro de auto-ajuda e para esses a minha paciência esgotou-se há muito. Continuei a ler: «Há um momento na vida de todas as pessoas em que se inicia uma profunda transformação, uma metamorfose, uma crisálida que começa a abrir as asas da consciência e da magia que habita dentro de cada um de nós e que espera silenciosamente o momento para nos mostrar o sentido da nossa existência.» Definitivamente este era um daqueles...


Geralmente teria passado ao largo sem olhar para trás, mas depois li a sinopse e alguma coisa me fez mudar de ideias...

Inés, a protagonista desta história, é uma mulher que se sente perdida e só, depois de uma separação conturbada. Vê a vida passar-lhe à frente enquanto nada mais faz do que queixar-se de tudo e de todos, qual vítima das circunstâncias, como se o universo conspirasse apenas para a fazer infeliz.
A sua vida muda, quando, um dia, encontra na biblioteca local um livro estranho que parece conhecê-la há muito tempo...a princípio com medo, mas depois Inés entrega-se à magia do livro que a leva a ultrapassar de uma vez todas as barreiras que ela vinha impondo a si mesma. Ela reaprende a viver, a lutar pelo que quer e a perdoar, para finalmente fazer as pazes com o seu passado.


Obriguei-me muitas vezes a não parar de ler este livro, senti que precisava fazê-lo. Assim, como a nossa protagonista, deixei que o livro me guiasse e me mostrasse os quão diferentes as coisas podem ser quando olhamos para elas com outros olhos, com os olhos do coração e não da razão. Descobrimos uma essência que sempre esteve lá, damos uma hipótese a nós mesmos de viver quebrando cada um dos limites que nos impusemos, sem queixumes, sem desculpas, passo a passo!
Fazemos muitas viagens quando lemos um livro, mas nenhuma foi tão profunda quanto esta, uma aventura de facto mágica!


"Se tens capacidade de imaginar, também tens capacidade de materializar o que imaginas."

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estantes para livros modernos

No Público:
"Uma estante cheia de teias de aranha, sem nada à vista. Foi com esta ilustração que a revista “The Economist” ilustrou um artigo publicado na edição da semana passada sobre a transformação no mercado livreiro. O IKEA já admitiu que vai transformar um dos seus modelos mais populares de estantes, adaptando-o à era dos leitores electrónicos.
“Para se perceber o quão profundas são as transformações no sector livreiro, o melhor é olhar para as estantes”. Começa assim o texto da “The Economist” que indica que o gigante sueco dos móveis IKEA vai introduzir no próximo mês uma nova versão da sua estante “ubíqua” Billy. 
 A empresa vai começar a comercializar mais estantes com portas de vidro, a fim de que estas possam servir num futuro próximo para albergar objectos decorativos em vez de livros, contando que estes passem a ficar armazenados num leitor de livros electrónicos."

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Uma impressão

Como ando em falta com as leituras, resta-me chamar a atenção para as palavras impressas por outros.
Desta vez para um post no Delito de Opinião sobre Orhan Pamuk e "O Museu da Inocência": o relicário da memória.
Há uns anos ofereceram-me "A Vida Nova", do mesmo autor. Li algumas páginas e deixei-o de parte. Não me agarrou. Talvez não fosse a hora.

Enquanto não retomo as minhas leituras à velocidade de cruzeiro, deixo aqui esta impressão com Istambul em fundo. Ou não fosse esta uma das cidades que gostava de conhecer, entre dois continentes.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O Símbolo Perdido









DAN BROWN e o Código Da Vinci. Comprei o livro quando todos já o haviam lido. Li as primeiras páginas e não encontrei motivo para continuar e virar a última.
Outros livros foram publicados e o meu interesse mantinha-se o mesmo, até ouvir falar de O Símbolo Perdido.

Embarcamos com o professor Robert Langdon em mais uma aventura envolvendo símbolos, enigmas e um estranho pacote lacrado com um selo Maçom, com uma Fénix de duas cabeças, o número 33, e a inscrição "'Ordo Ab Chao'Ordo Ab Chao" (Ordem a partir do caos). Langdon lembra-se do dia em que Peter Solomon lhe confiara o objecto e lhe pedira para o guardar.
Assim que pisa o chão do Capitólio, Langdon percebe que foi enganado e não tarda em descobrir o motivo. Recebe um telefonema da pessoa que o atraiu até ali e que lhe diz ter sequestrado Peter Solomon e, que se quer voltar a vê-lo com vida, tem de encontrar um antigo portal em Washigton, decifrando os vários enigmas e que tem até à meia-noite para o fazer.
Não tarda a surgir o primeiro pela mão de Peter Solomon, literalmente. Robert ouve uma gritaria no Capitólio e ao dirigir-se para o local, encontra uma mão no chão, que reconhece como sendo a do amigo pelo anel que tem num dos dedos, tatuada com os símbolos da Mão do Mistério, um convite para receber conhecimentos sagrados. Estranhamente, também a agente Sato da CIA chega rapidamente ao local.
Langdon percebe que só ele poderá ajudar o seu mentor. Com a ajuda de Katherine Solomon, irmã de Peter, vai decifrar os segredos escondidos na Pirâmide, aproximando-se do grande Símbolo Perdido.

O livro tem como pano de fundo a história da maçonaria na América e o mais fascinante é ver como tudo está interligado, como numa grande teia de fios: Os construtores das pirâmides do Egipto com Pitágoras com o Rei Salomão com Jesus com os gnósticos com os Cavaleiros Templários com Francis Bacon com Isaac Newton ou com George Washington. Todos parecem estar relacionados entre si e chegam até nós envoltos em mistérios sagrados. Como disse, uma temática fascinante, bem como algumas das lendas maçónicas recolhidas por Dan Brown para este livro. Deixo-vos com algumas curiosidades:

A respeito da Fundação de Washington - todos os prédios públicos da capital tiveram a sua pedra angular (ou Pedra de Fundação) colocadas precisamente seguindo datas e horários calculados pelo estudo da Astrologia Hermética. Por exemplo, o Capitólio, marco zero da fundação da cidade, foi iniciado precisamente no dia 18 de Setembro de 1793, entre 11h15 e 12h30.



A Mão do Mistério, descreve os símbolos da Apoteose ou a transformação do homem em deus. O facto da mão não é deixado ao acaso, aparece no Capitólio, onde existe um afresco de Constantino Brumidi, membro da maçonaria, a Apoteose de Washington, no qual retrata a Ascenção de George Washington aos céus. Este afresco é dividido em seis partes, nas quais mistura elementos da mitologia grega com personalidades americanas.

Melencolie, de Albrecht Durer - Uma das imagens que representa o temperamento Melancólico, carregado de simbolismo alquímico. Para o livro, o que importa é o Kamea de Júpiter.
Langdon usa a Alquimia Linguística para decifrar as letras. Ao alinhar as letras correctamente, temos:
Jeova Sanctus Unus , em latim: "Único Deus Verdadeiro".
O pseudónimo de um alquimista muito famoso, membro da Real Sociedade de Londres e da Ordem Rosa-cruz. As 16 letras de Jeova Sanctus Unus podem ser reorganizadas para soletrar o seu nome em latim, o que tornava o pseudónimo perfeito para Isaacus Neutonuus (Isaac Newton).

A Palavra “MASON” escrita na nota de um dólar. Se desenhar o Símbolo de Salomão numa nota de um dólar, as pontas da estrela formarão a palavra “Mason” (maçom) e a parte de cima fará o topo da Pirâmide.

E o simbolo a que tudo se resume:




O esquadro do pedreiro: símbolo de honestidade e sinceridade.
A sequência Au: símbolo do elemento químico ouro.
O sigma: a letra grega S, símbolo matemático da soma de todas as partes.
A pirâmide: símbolo egípcio do homem se erguendo aos céus.
O delta: a letra grega D, símbolo matemático de mudança.
Mercúrio: representado por seu mais antigo símbolo alquímico.
O ouroboros: símbolo de inteireza e de união.

O livro tem uma mensagem clara para quem conseguir percebê-la. Somos convidados a recordar as nossas origens, a elevar-nos a uma consciência universal; a procurar a Palavra Perdida pois ela está bem diante dos nossos olhos e tem o poder de transformar a humanidade ao desvendar os Mistérios Antigos.

domingo, 26 de junho de 2011

Kane & Abel




William Lowell Kane, filho de um milionário de Boston, e Abel Rosnovski, um emigrante polaco sem dinheiro, dois homens nascidos no mesmo dia, em lados opostos do mundo, cujos caminhos estão destinados a cruzarem-se numa batalha implacável para construir um império. Dois homens poderosos ligados por um ódio inimaginável, juntos pelo destino para se salvarem… e, por fim, se destruírem… um ao outro.»

Sobre o livro:
Não é novidade aqui que ADORO os livros de Jeffrey Archer. E depois de quatro, o efeito é sempre o mesmo, por incrível que pareça:
- não se consegue parar de ler,
- ficamos a pensar neles muito depois de os termos lido,
- o background das personagens, embora significativamente diferente, leva a que ambos os protagonistas consigam alcançar o sucesso de uma vida,
- sempre presente a ambição, a sede de vingança e no fim a redenção,
- e no fim, sempre que chega o momento de escrever sobre eles, não faço a mínima ideia de como transmitir-vos aqui o prazer que foi ler cada um deles.

Archer tem a particularidade de conseguir levar-nos através da história, ao longo de mais de 400 páginas e em cada uma delas como se fosse a primeira, apimentando-as com insinuações no final de cada capítulo, que não tardam a fazer sentido logo ali, um pouco mais à frente...é de génio!
William Lowell Kane, filho de um milionário de Boston, traça o seu caminho seguindo as pegadas do pai, pensando apenas no orgulho que o pai sentiria dele ao estar à altura de todas as expectativas.
Abel Rosnovski, com um percurso totalmente diferente, um sobrevivente no sentido mais lato da palavra, chega à América e consegue do nada contruir um império poderoso, não sem cruzar-se com Kane e jurar vingança.
Os esquemas, as tramas, os encontros, os desencontros, tudo flue perfeitamente envolvendo o leitor como se ele estivesse a sentir na pele o ataque do oponente.
A história destes dois homens abrange um período de sessenta anos, vários episódios da história mundial, três gerações, o poder do dinheiro, a força da vingança e no fim nada disto parece ter importância. E no entando continuamos a querer mais, mas já não há mais nada para contar, porque definitivamente os últimos vão seguir os passos dos primeiros e nós vamos continuar extasiados!

domingo, 19 de junho de 2011

Cemitério dos Prazeres

Todos os povos terão manias, mas as dos portugueses têm requintes. 
São essas idiossincrasias que Pedro Boucherie Mendes desvenda e arrasa neste livro de crónicas: Cemitério dos Prazeres (nome para um cemitério que só passaria pela cabeça dos portugueses...).
Desde o gesto simples do café numa pastelaria até a chico-espertice.
Nada escapa ao olhar crítico e bem humorado do autor.
Porque Portugal é um país embaciado. 

Só para abrir o apetite, um excerto dos Passeios em Nova Iorque... onde toda a gente já foi:
"Outra coisa que me dizem é que se cansaram de andar a pé. E gostaram.
Mas nunca ninguém me falou dos passeios.
Os passeios em Nova Iorque, sobretudo na gigante Manhattan, têm três características tão absolutamente geniais que escapam ao olho dos portugueses entretidos com as montras das lojas. São grandes e amplos. Não têm mupis (aqueles anúncios gigantescos em estruturas de alumínio) e não têm carros em cima. Esta combinação verdadeiramente intrigante é o que torna possível andar a pé em Nova Iorque, mas pelos vistos a relação causa efeito escapou aos meus entrevistados.
Nas cidades portuguesas, os passeios são exíguos, cheios de carros, bosta de cão, pilaretes, sinais de trânsito, anúncios e, claro, carros. Em Nova Iorque servem para as pessoas andarem. Curioso, não é?
Andar a pé no passeio de uma cidade... quem é que se lembraria de uma coisa destas?"

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Pilares da Terra (comentários revistos)

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Ouvi falar de Ken Follett e Os Pilares da Terra há uns anos através de uma colega que andava constantemente com o livro debaixo do braço, aproveitando todas as pausas para ler mais umas páginas. Não fiquei suficientemente empolgada na altura para começar a ler o livro pelo que ficou esquecido... (percebo agora que há livros que não temos necessariamente de ler)
Voltei a ouvir falar nele quando anunciaram a transmissão televisiva de uma mini-série de 8 episódios baseada no romance homónimo de Ken Follett, numa produção que diziam ser das maiores produções televisivas de todos os tempos, a cargo de Ridley e Tony Scott.
Conseguiram despertar a minha curiosidade e decidi que havia de ler o(s) livro(s) antes de ver a série, mas após ter lido mais de 900 páginas, chego à triste conclusão que este é um daqueles livros em que mais vale ver a série/filme que ler o livro, talvez a desilusão não fosse tão grande.

Como havia referido, fiquei surpreendida logo nas primeiras páginas quando tomo conhecimento que Ken Follett é mestre do policial e nos confessa que embarcou nesta aventura do romance histórico sem a certeza de ser bem sucedido e no final a sua agradável surpresa quando o livro se torna num dos livros mais lidos em todo o mundo! E diz quem leu, com o dom de a cada novo romance surpreender o leitor com um novo thriller, e embora num estilo completamente novo para ele, conseguiu o mesmo efeito e com a mesma mestria.
Não posso concordar...
Depois daquilo que considero uma introdução com mais de 500 páginas, chego ao fim do primeiro volume sem qualquer entusiasmo para continuar a ler. Os momentos mais marcantes da narrativa são talvez os protagonizados por Aliena e pouco mais. Não me senti tentada a conhecer o desfecho da história e não fosse a máxima de não deixar livros a meio, teria desistido ao fim das primeiras 200 páginas do segundo volume. Não me senti definitivamente envolvida emotivamente pelas personagens, não tive medo por elas, não sustive a respiração quando elas se viram em apuros, não rejubilei quando tudo acabou bem....
No segundo volume, a falta de tacto em relação a alguns pormenores é ainda mais flagrante. Deixo-vos um exemplo: assim sem motivo aparente, Aliena resolve que vai deixar Jack porque se cansou de esperar pela anulação do seu casamento com Alfred. Apenas algumas páginas volvidas, a questão fica resolvida porque Alfred morre e ela fica viúva para casar finalmente com Jack. Se o objectivo deste pequeno subterfúgio era fazer com que o leitor sentisse a infelicidade de Aliena, na minha opinião foi muito brusco na tentativa de levar avante a sua intenção. Tem de haver um trabalho prévio antes de introduzir um acontecimento que envolva directamente uma das personagens mais importantes.
As descrições:
Demora-se em descrições que nada acrescentam à narrativa (luta entre um urso e vários cães, confesso que tive de passar estas páginas à frente dada a brutalidade do episódio), e descura aquelas que são verdadeiramente importantes: os sentimentos de William Hamleigh no último instante antes de ver o seu fim e os de Aliena ao ver o fim do homem que mais odiou na sua vida. As mesmas descrições, os mesmos adjectivos aplicados a determinadas personagens ao longo de toda a narrativa.

As personagens:
Conhecemos o fim de todos menos o de Martha - a irmã de Alfred, que desaparece subitamente da história sem qualquer explicação. Morreu? Casou?
A morte de Becket, uma personagem secundária que, comparativamente, tem direito a muito mais detalhe, simbolismo, ditando mesmo o final do livro.
À medida que avançamos para o final, os saltos cronológicos são de gigante e Follett faz várias (excessivas) referências à idade de Philip, que envelhecesse precocemente, possivelmente para acentuar a velocidade a que os acontecimentos se desenrolaram até ali.
Finalmente:
Depois de ler Mario Puzo, Jeanne Kalogridis, Philippa Gregory ou Steve Berry não posso definitivamente conferir a mesma mestria a Ken Follett no que ao romance histórico diz respeito. Eu teria reduzido a história dos dois volumes a pouco mais de 500 páginas, deixando em aberto o que ainda poderia acontecer depois de estas personagens desaparecerem e o efeito teria sido definitivamente diferente.

Os Pilares da Terra II





Começamos por olhar para uma Inglaterra divida pela guerra.
Kingsbridge consegue manter-se afastada dos seus efeitos contribuindo para isso o bulício gerado em torno da construção da catedral. O mercado, alimentado por todos aqueles que se deslocam a Kingsbridge gera bons lucros para desagrado de William Hamleigh que tudo faz para ditar o seu fim. Philip vê-se assim obrigado a requerer uma licença real para oficializar o mercado, sendo mais uma vez obrigado a deslocar-se à corte para poder continuar a gerar meios de financiamento para a sua catedral. Consegue junto da Rainha Matilde a referida licença, tendo que desembolsar uma avultada soma de dinheiro que não tinha.
Invertem-se os papéis e é agora Aliena quem salva Philip. Esta tornou-se numa abastada mercadora de lã e adianta o dinheiro a Philip esperando ter o retorno durante o mercado do velo. É também neste período que Aliena e Jack se aproximam e cresce entre eles um sentimento que nenhum deles vê como profundo.
William Hamleigh aparece-nos novamente em cena, envolto em toda a sua maldade invadindo a cidade, pegando fogo a toda a lã e atirando Aliena novamente para a pobreza extrema. Apesar do sentimento que nutre por Jack, Aliena não pode ficar indiferente à promessa que fez ao pai antes de este morrer e acaba por ser levada a cometer o seu maior erro: casar com Alfred.
Magoado, Jack parte e Aliena casa com Alfred, grávida de Jack. Com a morte de Tom durante o incêndio, Alfred assume o lugar de mestre-de-obras e termina o tecto da catedral em pedra, alterando o projecto original, apenas para o ver ruir e matar várias pessoas no dia da inauguração. Nesse mesmo dia, Aliena dá à luz o filho de Jack e Alfred expulsa-a de casa. Aliena decide assim procurar Jack, percorrendo meia cristandade para tentar recuperar o tempo perdido. Jack regressa com ela a Kingsbridge e convence Philip a deixá-lo aplicar na construção da sua catedral as técnicas novas que aprendeu, dando-lhe um novo alento.
A fome e a guerra continuam em cena e os acontecimentos vão desenrolando-se motivados pela ambição dos suspeitos do costume: Waleran, Alfred e William.
O país é entretanto invadido por Henrique, filho da Rainha Matilde e todas as terras e condados são devolvidos aos anteriores proprietários. Aliena e o irmão fazem por recuperar finalmente o condado que antes lhe pertencera.
O pano não cai ainda, e numa derradeira tentativa de reaver algum respeito, William é nomeado Xerife de Shiring que tenta prender Richard quando este defende Aliena de Alfred e é acusado de assassínio. Acaba por ser desterrado para a Terra Santa, da qual nunca voltaria, ficando Aliena no lugar do conde.
Os vilões caiem em desgraça no final desta história quando conspiram e assassinam Thomas Becket, transformando-o num mártir e santo.

Os Pilares da Terra I






A narrativa passa-se na Inglaterra do século XII. Seguimos de perto a Tom, um humilde pedreiro e mestre-de-obras que acalenta o desejo de construir uma imponente catedral, dotada de uma beleza sublime e capaz de tocar os céus. Perseguindo esse sonho, embarcamos com ele e a sua família numa viagem perigosa. A caminhada é longa e várias personagens cruzam o nosso caminho. Inevitavelmente o destino de cada uma delas entrelaça-se com o seu de uma forma misteriosa e surpreendente, como mais tarde iremos perceber.
Encontramos um colorido mosaico de personagens: além de Tom Pedreiro, o singular Prior Philip, que com a sua astúcia consegue frustrar os planos ambiciosos de Henry e Waleran, ambos sedentos de poder; Aliena e Richard caídos em desgraça depois de o pai ser preso e a Família Hamleigh que não olha a meios para se fazer respeitar.
Diz quem sabe que o estilo inconfundível de mestre do suspense está bem patente no desenrolar desta história épica, tecida de intrigas, aventuras e lutas políticas. Assistimos à descrição de um período da Idade Média a que não faltou emotividade, poder, vingança e traição.
Penso que a primeira parte do livro prepara-nos para o que está para vir. Tudo gira à volta de um turbilhão de sentimentos contraditórios: o sentido de justiça/injustiça, a crueldade com que determinados actos são praticados, a ambição e a soberba de quem não olha a meios para atingir os seus fins; a entreajuda desinteressada que move algumas das personagens e no final o que cada um vai colher com os seus feitos.



> (revisto depois de ler Os Pilares da Terra – Vol. II)

sexta-feira, 3 de junho de 2011














Yuken Teruya é o criador desta arte invulgar, que faz com que árvores surjam de sacos de compras, rolos de papel higiénico, livros e jornais. O artista japonês manipula materiais que por vezes desperdiçamos, transformando os seus significados para reflectir sobre a sociedade contemporânea e a cultura.

Yuken Teruya é natural de Okinawa, Japão, e trabalha em Nova Iorque.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Olha... andamos ambos a ler Ken Follet :)
Tu mais rápido que eu.
Um excelente escritor, que sabe prender o leitor e aguçar-lhe a curiosidade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nos Segredos do Templo de Salomão




Bernard Lenteric contra-nos a história de um grande homem, não estamos contudo a falar do Rei Salomão, mas do Construtor de Deus: Hirão

Tendo a morte por companheira, Hirão é desde muito cedo um sobrevivente. Saad-Laha, seu pai recebeu-o a ele e à sua mãe depois da sua aldeia ter sido massacrada, tendo sido os únicos que não tiveram o mesmo fim. Em Tiro conseguiu ter uma infância feliz até que a grandeza do seu pai começou a tornar-se incómoda para os seus inimigos. A sua ascensão fulminante no seio do Conselho dos Anciãos, para o qual entrara com apenas trinta anos, o sucesso insolente do jovem armador começou a incomodar os interesses de El-Djah, o pontífice e os da casta sacerdotal. Foi a conselho deste que Hirão acaba escolhido pelo Rei Abibalos para ser sacrificado a Melquart. Tinha apenas nove anos. Saad-Laha ousara desafiar os mais fortes e ia pagar caro por isso.
Contudo, Saad-Laha engendrou uma forma de poupar o filho ao sacrifício e Hirão viu morrer no seu lugar o seu melhor amigo - Habias, um pequeno escravo de sua casa. A seguir à tragédia, seguiu-se o exílio para o Egipto, sob o nome de Teglath, onde viveu dias serenos e conseguiu esquecer aquele episódio que ainda o assombrava em sonhos. Teve os melhores professores que podia desejar, Djehuti, Ahmés e Nesi, um grande conselheiro, um grande arquitecto e um grande guerreiro. Todos eles o viam capaz de grandes feitos.

Mas quis o destino que sofresse novo infortúnio e foi descoberto pelos espiões do sumo-sacerdote. Descoberta a maquinação dos pais, estes foram brutalmente castigados por Abibalos pela afronta a Melquart. Perseguindo-o até ao Egipto, os assassinos massacram aqueles que o protegeram durante todo aquele tempo. Com a ajuda do Faraó e com um novo nome, Hirão consegue escapar. Tinha dezasseis anos quando parte com Ahmés para a Assíria. O mestre arquitecto ensina-o a arte do desenho e Hirão encontra uma razão que o leva a ter novamente gosto pela vida. Durante quinze anos percorre terras longínquas, edificando templos e palácios. Quis o destino que se cruzasse novamente com El-Djah, o grande sacerdote, conseguindo finalmente vingar a morte dos seus entes queridos. Já não havia motivos para continuar a esconder-se pelo que revela a Salomão o seu verdadeiro nome e a sua maior ambição: criar a obra de arte perfeita.

"Durante mais de sete anos, a vida da cidade confundira-se com a do Templo em construção. Hirão fora o verdadeiro Rei de Jerusalém. A uma palavra sua, exércitos inteiros de operários punham-se em marcha e pesados carregamentos de madeira e de pedra faziam tremer as casas. Ali, exultara ao ver, dia após dia, a construção do Templo (...) ".


Empolgante, viciante!

Depois de ler este livro chego à conclusão que, não importa a época, o Rei ou o Deus que se adora, há dois sentimentos que andam sempre de mãos dadas: a inveja e a ganância, e é sempre em nome deles que se cometem as maiores atrocidades.
Em última análise, Salomão, não obstante a clarividênvia e sabedoria que lhes são conhecidas, também ele se rendeu aos pecados mais mundanos: a raiva e o ciúme, tal qual o comum dos mortais.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Livros e rosas

A iniciativa é da associação cultural CatalunyApresenta e do Instituto Ramon Llull, que organizam a tradição catalã de fazer uma festa cívica à volta do livro, sábado no Miradouro de São Pedro de Alcântara, em Lisboa.
A festividade, a «Diada de Sant Jordi», que corresponde ao Dia dos Namorados na Catalunha, coincide com o Dia Internacional do Livro e fez com que se espalhasse a tradição de vender livros e rosas nas ruas das cidades da comunidade autónoma espanhola."

Biblioteca Sábado

A revista Sábado vai publi­car, a par­tir de 5 de Maio, uma colec­ção de clás­si­cos juve­nis, a 1€ cada. 
Aqui fica a lista e as res­pec­ti­vas datas:

Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne - 5 de Maio
As Via­gens de Gul­li­ver, de Jonathan Swift — 12 de Maio
As Minas de Salo­mão, de H.R. Hag­gard — 19 de Maio
A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Ste­ven­son — 26 de Maio
As Aven­tu­ras de Tom Sawyer, de Mark Twain — 2 de Junho
Mulher­zi­nhas, de Louisa May Alcott — 9 de Junho
O Fan­tasma de Can­ter­ville, de Oscar Wilde — 16 de Junho
O Livro da Selva, de Rudyard Kipling - 23 de Junho

Se não quiserem - ou já tiverem - estes livros, há feira do livro em Lisboa a partir da próxima semana.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Cavaleiro Templário


Mais um feliz e estranho acaso...
Este foi adquirido na mini-feira do livro que está no piso inferior do Cais-do-Sodré. Se tiverem de fazer tempo, passem por lá.

No espaço de algumas semanas antes, descobri O Cavaleiro Templário em filme. Um filme apaixonante que conta a história de Arn Magnusson. Arn foi entregue ao mosteiro cisterciense de Varnhem para se tornar monge, cumprindo uma promessa feita pelos pais. Contudo, desde muito cedo revelou possuir engenho para o arco, pelo que a sua educação foi sendo conduzida entre as línguas eruditas ao mesmo tempo que aprendia tudo aquilo que um verdadeiro guerreiro precisava saber.
Ao completar dezassete anos de idade, Arn regressa a casa. Possuído por sentimentos mundanos que desconhece, não sabe como explicar o que sente por Cecília, até que lhe confessa estar desesperadamente apaixonado por ela. Miseravelmente, Cecília foi prometida pelo seu pai em casamento a um membro do seu clã. Contrariando os desígnios do pai, Cecília entrega-se a Arn e ambos são duramente castigados, tanto pelas autoridades civis como pelas eclesiásticas. Cecília é enviada para o convento de Gudhem, condenada a passar 20 anos como freira e Arn é sentenciado a servir o mesmo período como cavaleiro templário na Terra Santa.

O livro alterna os capítulos entre a sentença de Cecília, que sofre duramente pela mão da Madre Rikissa, possuída pelo ódio que esta lhe tem e que motivou este castigo tão cruel e a de Arn, que tenta manter-se vivo, batalha após batalha, procurando honrar a promessa que fizera à sua amada de voltar um dia para os seus braços.
No final de cada capítulo, Jan Guillou levanta a ponta do iceberg sobre o que vamos encontrar quando prosseguimos com a história de um ou do outro, o que nos deixa sempre curiosos por descobrir o que ele quis insinuar com aquilo que escreveu.

Como acontece com qualquer livro adaptado a filme, apenas são retratados alguns dos episódios mais emocionantes. No livro vemos o pormenor de cada um deles, o que sentiram as personagens, a descrição da situação e local em que se encontravam, as cores, os cheiros, embora deva dizer que o filme se mantém bastante fiel ao que está escrito (no que ao vol. II se refere).

O que mais me encanta é que o argumentista consegue construir o filme retirando a sequência de uma história que foi dividida em três actos, neste caso em três livros: O volume I - O Caminho para Jerusalém - que narra a viagem de Arn Magnusson, rumo à Terra Santa, o volume II - O Cavaleiro Templário – (de que vos falo) e o volume III - O Novo Reino - que relata o regresso ao seu país após ter servido como cavaleiro templário na Terra Santa.
Cada um dos episódios é fotografado e mostrado à plateia com toda a brutalidade de uma história medieval, numa narrativa empolgante, sem grandes efeitos especiais que relevem a preocupação de tornar o filme um sucesso de bilheteira.
Contudo, Arn – O Cavaleiro Templário de Peter Flinth esteve nomeado em 2008 no European Film Award, concorrendo com Expiação de Joe Wright, entre outros para melhor filme na categoria Audience Award, tendo perdido para Harry Potter e a Ordem da Fénix de David Yates (não há como concorrer com este gigante).




Não resisti em deixar-vos aqui mais uma curiosidade. Ainda sobre filmes, para o mesmo período histórico, um personagem - Balian of Ibelin – que reconhecemos do livro O Cavaleiro Templário, ao qual não é dada muita importância, apenas existe uma pequena referência a ele como o homem que esteve à frente do comando e defesa de Jerusalém quando esta foi finalmente tomada por Saladino. Contudo, este é o episódio e personagem mais importante da história do filme de Ridley Scott - Reino dos Céus (o actor Orlando Bloom ganhou o prémio de melhor actor na mesma categoria em 2005 no European Film Award).

terça-feira, 19 de abril de 2011

ao preço da chuva


A expressão não podia ser mais apropriada à situação...

Um final de tarde duplamente especial.
Em primeiro lugar, ver o Chiado banhado de cinzento e com o sol a tentar romper as nuvens espessas, sem o conseguir... Uma imagem que não consigo, infelizmente, partilhar aqui utilizando palavras, porque estas não conseguem traduzir o misto de sentimentos que envolvem a mesma. Ficou condignamente registada no meu telemóvel. Assim que possível partilho aqui.
Em segundo, no minuto seguinte a ter tirado a foto, estala uma trovoada seguida de uma chuva intensa que me obriga a procurar abrigo rapidamente.



E foi assim que entrei na Livraria Aillaud & Lellos, Lda, na rua do Carmo. Se tinha de esperar que a chuva mingua-se, então havia de fazê-lo com prazer. Entrar nesta pequena loja foi como entrar num mundo literário completamente diferente. Um espaço agradável, para quem gosta de passar os olhos por prateleiras na esperança de descobrir um novo autor e a sua obra ou descobrir aquela obra que tanto procura. Impossível ficar indiferente às promoções e não perder a cabeça com os preços!
Se tiverem oportunidade passem por lá e, apenas por mais alguns passos, têm a Livraria Portugal. Tenho a certeza que os verdadeiros amantes de livros vão perder-se nestes dois espaços.


Foi neste espaço que descobri (a dedilhar prateleiras) a poesia de Orlando Neves. A fúria da sua poesia é de ficar sem fôlego. A palavra impregnada de sentimento, muitas vezes contraditórios, leva-nos e ler e a querer reler vezes sem fim cada uma das páginas que compõem o livro. Deixo-vos aqui apenas um trecho da sua obra:

Só os Lábios Respiram

Só os lábios respiram. Simples gesto vivo,
exílio do som onde se oculta o pavor da
palavra, pátria salgada cerrada no vazio
da casa de velhos deuses ávidos de preces.
Na garra da águia se fecha e rompe a boca,
templo e entranha, prodígio e anel
do eco, sinal esparso do caído concerto
da vida. Por estes soberbos montes, estas
rasas colinas, estas águas circulantes,
vai o grito da cegueira, o delírio lasso
na manhã, a saciada loucura do escuro
nome nocturno. Como um fragor dos céus,
caminha o canto agudo das árduas cigarras
perseguindo a funesta morte. Por esta
paisagem parda, que lábios me guardam
do próximo desastre, a mudança em ave,
cio ou sal, erva ou peixe, cicatriz ou
mito, veia ou água? Que lábios respiram
na coisa mortal que serei após o termo
da eterna efemeridade deste meu corpo,
coma de luz, deste desejo, rijo resíduo,
deste pensamento, disfarce ou máscara,
deste rapto do tempo, deste coração que começa?

in "Lamentação em Cáucaso"

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Livraria de oportunidades

Em plena baixa lisboeta, na Rua do Ouro, a Livraria Rodrigues reabriu.
Trata-se da "primeira livraria na cidade, integralmente composta por livros de oportunidades e promoções. Com uma renovação diária da oferta, conta com milhares de títulos, todos a preços de perder a cabeça."

Tenho de lá ir em breve...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Falsas Impressões

Um triller envolvente passado no mundo da arte, assim começa por apresentar-se mais uma obra de Jeffrey Archer. 240 mil exemplares vendidos na 1ª semana no Reino Unido. Não me surpreende!
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A história remete-nos para o 11 de Setembro, não que a data tenha qualquer importância nos acontecimentos que antecedem a tragédia. Uma coincidência conveniente para Anna Petrescu, uma das protagonistas da nossa história. Mas quem está no centro de todas as atenções é o Autro-Retrato com a Orelha Ligada, um dos quadros mais famosos de Van Gogh. E é em volta dele que todos se movem: Bryce Fenston, um banqueiro nova-iorquino que tenta a todo o custo colocar as suas mãos nele; Karl Leapman, um bem-sucedido advogado que procura fazer com que tudo pareça legal, sem receber mais por isso; Krantz, paga a peso de ouro para garantir que nada corre mal; Nakamura, um magnata japonês disposto a pagar 50 milhões de dólares para tê-lo na sua colecção privada; Tina a trabalhar de secretária iludindo a todos e finalmente Anna Petrescu que tenta a todo o custo travar a ganância de Fenston, arriscando a sua própria vida. Mas não está sozinha, Delaney mantém-se na sua sombra. Seguimos Anna de Nova Iorque a Tóquio, de Londres a Bucareste, ávidos por saber o que vai acontecer a seguir, a torcer para que consiga salvar o quadro das garras de Fenston. Chegamos mesmo a viver a ansiedade da personagem em levar a bom porto os seus intentos, envolvidos que estamos na história.
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Não é por acaso que se diz que Archer é um dos escritores de maior sucesso da actualidade. Eu estou rendida, só espero conseguir transmitir aqui um pouco do prazer que é ler um dos seus livros!

domingo, 3 de abril de 2011

Ofício de ler...

Texto de Maria Teresa Góis recebido por mail

"Onde se queimam livros, cedo ou tarde se queimam Homens."
Heinrich-Heine 1797-1856
Farta das diatribes políticas e das iras ambientais, falo-vos hoje de um gosto muito pessoal: ler.
Creio que o primeiro livro que tive era de pano e da Majora.
Depois, mesmo antes de saber ler, devo ter roído os cantos a alguns dos livros das minhas irmãs. Foi daí, talvez, que me ficou o gosto de ler.
Lembro-me da "guerra" de quem primeiro apanhava o novo livro dos Cinco ou outros que meu Pai trazia, da corrida, ao sábado, à chegada do jornal na porta de casa para primeiro ter na mão o "Cavaleiro Andante" ou o "Mundo de Aventuras"…
Fui crescendo e da biblioteca caseira saíram os textos que me alimentaram paixões, desilusões, o ócio, o fastio do estudo, o prazer.
Por entre as folhas numeradas, criei amigos inseparáveis com que ainda hoje privo.
Pegar num livro, sentir a textura do papel, o cheiro, ler a informação do autor, ou o tópico do texto, é um desafio.
Hoje, também, é urgente abrir o livro e ler, ser transportado nas letras, parar no tempo que nos emociona e viver a história que não é nossa.
Porque a história propriamente dita do Livro, é a da humanidade e da sua evolução.
Dos pergaminhos escritos, aos rolos de papiro e à impressão rápida e económica de hoje, medeiam séculos. Jorge Luiz Borges dizia que "de entre os instrumentos inventados pelo homem, o mais impressionante é, sem dúvida, o livro…é uma extensão da memória e da imaginação".
Cada país tem as suas referências nos autores que imortalizaram ou imortalizam a sua língua - é um veículo de divulgação de cultura, de enriquecimento pessoal, é democrático porque lemos o que queremos quando queremos, privando de perto com a sensibilidade do autor, suas ideias e ideais.
Saramago disse que "é ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas sobre um disco rígido, não."
Não aceito pois que a formação de um jovem não inclua, desde cedo, os bons hábitos de leitura e cheguem às obras leccionadas e obrigatórias com a apreciação de "uma ganda seca".
Sinais dos tempos da era informática, global, que isola, sujeita e condiciona a um simples ecrã horas sem fim.
Ler é crescer, é projectar perspectivas, pensamentos e opiniões.
Ler completa-nos, abre-nos os braços, humaniza-nos.
Quintana dizia que "os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem".
Só num livro podemos virar a folha a bel-prazer, folhear, voltar atrás e espreitar o próximo capítulo ou o enredo final.
Na vida, não.

segunda-feira, 14 de março de 2011

"If there were a Nobel Prize for storytelling, (Jeffrey) Archer would win"
Daily Telegraph

Assino em baixo!

domingo, 6 de março de 2011

"Adolf Hitler dizia ler um livro por noite e, quando morreu, a sua biblioteca tinha mais de 16 mil livros.
Mas o ditador alemão colocava no mesmo plano westerns populares e tratados militares; misturava filosofia séria e panfletos anti-semitas, diz Timothy Ryback, autor de A Biblioteca Privada de Hitler (editado no original em inglês pela primeira vez em 2008, e agora publicado em Portugal pela Civilização)." (Público)

A prova de que ler muito não faz de ninguém um erudito ou alguém tolerante e melhor ser humano.


Vale a pena ler a entrevista de Timothy Ryback ao Público.