domingo, 26 de junho de 2011

Kane & Abel




William Lowell Kane, filho de um milionário de Boston, e Abel Rosnovski, um emigrante polaco sem dinheiro, dois homens nascidos no mesmo dia, em lados opostos do mundo, cujos caminhos estão destinados a cruzarem-se numa batalha implacável para construir um império. Dois homens poderosos ligados por um ódio inimaginável, juntos pelo destino para se salvarem… e, por fim, se destruírem… um ao outro.»

Sobre o livro:
Não é novidade aqui que ADORO os livros de Jeffrey Archer. E depois de quatro, o efeito é sempre o mesmo, por incrível que pareça:
- não se consegue parar de ler,
- ficamos a pensar neles muito depois de os termos lido,
- o background das personagens, embora significativamente diferente, leva a que ambos os protagonistas consigam alcançar o sucesso de uma vida,
- sempre presente a ambição, a sede de vingança e no fim a redenção,
- e no fim, sempre que chega o momento de escrever sobre eles, não faço a mínima ideia de como transmitir-vos aqui o prazer que foi ler cada um deles.

Archer tem a particularidade de conseguir levar-nos através da história, ao longo de mais de 400 páginas e em cada uma delas como se fosse a primeira, apimentando-as com insinuações no final de cada capítulo, que não tardam a fazer sentido logo ali, um pouco mais à frente...é de génio!
William Lowell Kane, filho de um milionário de Boston, traça o seu caminho seguindo as pegadas do pai, pensando apenas no orgulho que o pai sentiria dele ao estar à altura de todas as expectativas.
Abel Rosnovski, com um percurso totalmente diferente, um sobrevivente no sentido mais lato da palavra, chega à América e consegue do nada contruir um império poderoso, não sem cruzar-se com Kane e jurar vingança.
Os esquemas, as tramas, os encontros, os desencontros, tudo flue perfeitamente envolvendo o leitor como se ele estivesse a sentir na pele o ataque do oponente.
A história destes dois homens abrange um período de sessenta anos, vários episódios da história mundial, três gerações, o poder do dinheiro, a força da vingança e no fim nada disto parece ter importância. E no entando continuamos a querer mais, mas já não há mais nada para contar, porque definitivamente os últimos vão seguir os passos dos primeiros e nós vamos continuar extasiados!

domingo, 19 de junho de 2011

Cemitério dos Prazeres

Todos os povos terão manias, mas as dos portugueses têm requintes. 
São essas idiossincrasias que Pedro Boucherie Mendes desvenda e arrasa neste livro de crónicas: Cemitério dos Prazeres (nome para um cemitério que só passaria pela cabeça dos portugueses...).
Desde o gesto simples do café numa pastelaria até a chico-espertice.
Nada escapa ao olhar crítico e bem humorado do autor.
Porque Portugal é um país embaciado. 

Só para abrir o apetite, um excerto dos Passeios em Nova Iorque... onde toda a gente já foi:
"Outra coisa que me dizem é que se cansaram de andar a pé. E gostaram.
Mas nunca ninguém me falou dos passeios.
Os passeios em Nova Iorque, sobretudo na gigante Manhattan, têm três características tão absolutamente geniais que escapam ao olho dos portugueses entretidos com as montras das lojas. São grandes e amplos. Não têm mupis (aqueles anúncios gigantescos em estruturas de alumínio) e não têm carros em cima. Esta combinação verdadeiramente intrigante é o que torna possível andar a pé em Nova Iorque, mas pelos vistos a relação causa efeito escapou aos meus entrevistados.
Nas cidades portuguesas, os passeios são exíguos, cheios de carros, bosta de cão, pilaretes, sinais de trânsito, anúncios e, claro, carros. Em Nova Iorque servem para as pessoas andarem. Curioso, não é?
Andar a pé no passeio de uma cidade... quem é que se lembraria de uma coisa destas?"

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Pilares da Terra (comentários revistos)

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Ouvi falar de Ken Follett e Os Pilares da Terra há uns anos através de uma colega que andava constantemente com o livro debaixo do braço, aproveitando todas as pausas para ler mais umas páginas. Não fiquei suficientemente empolgada na altura para começar a ler o livro pelo que ficou esquecido... (percebo agora que há livros que não temos necessariamente de ler)
Voltei a ouvir falar nele quando anunciaram a transmissão televisiva de uma mini-série de 8 episódios baseada no romance homónimo de Ken Follett, numa produção que diziam ser das maiores produções televisivas de todos os tempos, a cargo de Ridley e Tony Scott.
Conseguiram despertar a minha curiosidade e decidi que havia de ler o(s) livro(s) antes de ver a série, mas após ter lido mais de 900 páginas, chego à triste conclusão que este é um daqueles livros em que mais vale ver a série/filme que ler o livro, talvez a desilusão não fosse tão grande.

Como havia referido, fiquei surpreendida logo nas primeiras páginas quando tomo conhecimento que Ken Follett é mestre do policial e nos confessa que embarcou nesta aventura do romance histórico sem a certeza de ser bem sucedido e no final a sua agradável surpresa quando o livro se torna num dos livros mais lidos em todo o mundo! E diz quem leu, com o dom de a cada novo romance surpreender o leitor com um novo thriller, e embora num estilo completamente novo para ele, conseguiu o mesmo efeito e com a mesma mestria.
Não posso concordar...
Depois daquilo que considero uma introdução com mais de 500 páginas, chego ao fim do primeiro volume sem qualquer entusiasmo para continuar a ler. Os momentos mais marcantes da narrativa são talvez os protagonizados por Aliena e pouco mais. Não me senti tentada a conhecer o desfecho da história e não fosse a máxima de não deixar livros a meio, teria desistido ao fim das primeiras 200 páginas do segundo volume. Não me senti definitivamente envolvida emotivamente pelas personagens, não tive medo por elas, não sustive a respiração quando elas se viram em apuros, não rejubilei quando tudo acabou bem....
No segundo volume, a falta de tacto em relação a alguns pormenores é ainda mais flagrante. Deixo-vos um exemplo: assim sem motivo aparente, Aliena resolve que vai deixar Jack porque se cansou de esperar pela anulação do seu casamento com Alfred. Apenas algumas páginas volvidas, a questão fica resolvida porque Alfred morre e ela fica viúva para casar finalmente com Jack. Se o objectivo deste pequeno subterfúgio era fazer com que o leitor sentisse a infelicidade de Aliena, na minha opinião foi muito brusco na tentativa de levar avante a sua intenção. Tem de haver um trabalho prévio antes de introduzir um acontecimento que envolva directamente uma das personagens mais importantes.
As descrições:
Demora-se em descrições que nada acrescentam à narrativa (luta entre um urso e vários cães, confesso que tive de passar estas páginas à frente dada a brutalidade do episódio), e descura aquelas que são verdadeiramente importantes: os sentimentos de William Hamleigh no último instante antes de ver o seu fim e os de Aliena ao ver o fim do homem que mais odiou na sua vida. As mesmas descrições, os mesmos adjectivos aplicados a determinadas personagens ao longo de toda a narrativa.

As personagens:
Conhecemos o fim de todos menos o de Martha - a irmã de Alfred, que desaparece subitamente da história sem qualquer explicação. Morreu? Casou?
A morte de Becket, uma personagem secundária que, comparativamente, tem direito a muito mais detalhe, simbolismo, ditando mesmo o final do livro.
À medida que avançamos para o final, os saltos cronológicos são de gigante e Follett faz várias (excessivas) referências à idade de Philip, que envelhecesse precocemente, possivelmente para acentuar a velocidade a que os acontecimentos se desenrolaram até ali.
Finalmente:
Depois de ler Mario Puzo, Jeanne Kalogridis, Philippa Gregory ou Steve Berry não posso definitivamente conferir a mesma mestria a Ken Follett no que ao romance histórico diz respeito. Eu teria reduzido a história dos dois volumes a pouco mais de 500 páginas, deixando em aberto o que ainda poderia acontecer depois de estas personagens desaparecerem e o efeito teria sido definitivamente diferente.

Os Pilares da Terra II





Começamos por olhar para uma Inglaterra divida pela guerra.
Kingsbridge consegue manter-se afastada dos seus efeitos contribuindo para isso o bulício gerado em torno da construção da catedral. O mercado, alimentado por todos aqueles que se deslocam a Kingsbridge gera bons lucros para desagrado de William Hamleigh que tudo faz para ditar o seu fim. Philip vê-se assim obrigado a requerer uma licença real para oficializar o mercado, sendo mais uma vez obrigado a deslocar-se à corte para poder continuar a gerar meios de financiamento para a sua catedral. Consegue junto da Rainha Matilde a referida licença, tendo que desembolsar uma avultada soma de dinheiro que não tinha.
Invertem-se os papéis e é agora Aliena quem salva Philip. Esta tornou-se numa abastada mercadora de lã e adianta o dinheiro a Philip esperando ter o retorno durante o mercado do velo. É também neste período que Aliena e Jack se aproximam e cresce entre eles um sentimento que nenhum deles vê como profundo.
William Hamleigh aparece-nos novamente em cena, envolto em toda a sua maldade invadindo a cidade, pegando fogo a toda a lã e atirando Aliena novamente para a pobreza extrema. Apesar do sentimento que nutre por Jack, Aliena não pode ficar indiferente à promessa que fez ao pai antes de este morrer e acaba por ser levada a cometer o seu maior erro: casar com Alfred.
Magoado, Jack parte e Aliena casa com Alfred, grávida de Jack. Com a morte de Tom durante o incêndio, Alfred assume o lugar de mestre-de-obras e termina o tecto da catedral em pedra, alterando o projecto original, apenas para o ver ruir e matar várias pessoas no dia da inauguração. Nesse mesmo dia, Aliena dá à luz o filho de Jack e Alfred expulsa-a de casa. Aliena decide assim procurar Jack, percorrendo meia cristandade para tentar recuperar o tempo perdido. Jack regressa com ela a Kingsbridge e convence Philip a deixá-lo aplicar na construção da sua catedral as técnicas novas que aprendeu, dando-lhe um novo alento.
A fome e a guerra continuam em cena e os acontecimentos vão desenrolando-se motivados pela ambição dos suspeitos do costume: Waleran, Alfred e William.
O país é entretanto invadido por Henrique, filho da Rainha Matilde e todas as terras e condados são devolvidos aos anteriores proprietários. Aliena e o irmão fazem por recuperar finalmente o condado que antes lhe pertencera.
O pano não cai ainda, e numa derradeira tentativa de reaver algum respeito, William é nomeado Xerife de Shiring que tenta prender Richard quando este defende Aliena de Alfred e é acusado de assassínio. Acaba por ser desterrado para a Terra Santa, da qual nunca voltaria, ficando Aliena no lugar do conde.
Os vilões caiem em desgraça no final desta história quando conspiram e assassinam Thomas Becket, transformando-o num mártir e santo.

Os Pilares da Terra I






A narrativa passa-se na Inglaterra do século XII. Seguimos de perto a Tom, um humilde pedreiro e mestre-de-obras que acalenta o desejo de construir uma imponente catedral, dotada de uma beleza sublime e capaz de tocar os céus. Perseguindo esse sonho, embarcamos com ele e a sua família numa viagem perigosa. A caminhada é longa e várias personagens cruzam o nosso caminho. Inevitavelmente o destino de cada uma delas entrelaça-se com o seu de uma forma misteriosa e surpreendente, como mais tarde iremos perceber.
Encontramos um colorido mosaico de personagens: além de Tom Pedreiro, o singular Prior Philip, que com a sua astúcia consegue frustrar os planos ambiciosos de Henry e Waleran, ambos sedentos de poder; Aliena e Richard caídos em desgraça depois de o pai ser preso e a Família Hamleigh que não olha a meios para se fazer respeitar.
Diz quem sabe que o estilo inconfundível de mestre do suspense está bem patente no desenrolar desta história épica, tecida de intrigas, aventuras e lutas políticas. Assistimos à descrição de um período da Idade Média a que não faltou emotividade, poder, vingança e traição.
Penso que a primeira parte do livro prepara-nos para o que está para vir. Tudo gira à volta de um turbilhão de sentimentos contraditórios: o sentido de justiça/injustiça, a crueldade com que determinados actos são praticados, a ambição e a soberba de quem não olha a meios para atingir os seus fins; a entreajuda desinteressada que move algumas das personagens e no final o que cada um vai colher com os seus feitos.



> (revisto depois de ler Os Pilares da Terra – Vol. II)

sexta-feira, 3 de junho de 2011














Yuken Teruya é o criador desta arte invulgar, que faz com que árvores surjam de sacos de compras, rolos de papel higiénico, livros e jornais. O artista japonês manipula materiais que por vezes desperdiçamos, transformando os seus significados para reflectir sobre a sociedade contemporânea e a cultura.

Yuken Teruya é natural de Okinawa, Japão, e trabalha em Nova Iorque.