terça-feira, 21 de julho de 2009

O Sonho de Inocêncio

Há livros que nos agarram de formas difíceis de explicar.
É o que me esta a acontecer com "O Sonho de Inocêncio", romance histórico sobre a ascensão e queda do Papa mais poderoso da História.
Vou sensivelmente a meio, e infelizmente estou a lê-lo mais lentamente do que desejaria e do que a história exige, mas é uma história grandiosa.
Um homem, de famílias privilegiadas, que sempre esteve ligado à Igreja. Com menos de 40 anos ascende ao topo da hierarquia eclesial, e, fruto do entendimento que faz do que deve ser o papel do Papa - unificar toda a cristandade - centraliza tudo, decide tudo, é um activista político na defesa dos interesses da Igreja.
Embora vivendo à volta de 1200, Inocêncio III é um maquiavélico avant la letre. Sabe e joga com prazer o jogo da política, da guerra, dos interesses terrenos.
Duvida ele mesmo da existência de Deus, mas não duvida dos seus poderes enquanto chefe de um Estado. Manipula, mente, combate para atingir os seus objectivos, e alargar o seu poder. Contra quase tudo o que disse antes de ser Papa - em que valorizava a livre discussão de textos variados, em que era um livre pensador - ao chegar ao trono da Igreja é profundamente centralizador.
Entende que não é um simples sucessor de Pedro, mas sim o representante directo de Deus na Terra.

Estou a saborear cada página deste extraordinário romance.
Há alguns elementos históricos do seu papel que explicam pormenores que hoje damos como adquiridos na Igreja e na sua doutrina. De acordo com este romance, foi Inocêncio III que os introduziu. Mas falarei disso numa avaliação final.
Espero terminar a sua leitura antes das férias... de qualquer forma, entusiasticamente, deixo esta sugestão para leitura de verão!

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