domingo, 20 de junho de 2010

A Papisa Joana

Este primeiro romance de Donna Wollfolk Cross agarra a vida desta personagem histórica ou lendária e dá-lhe contornos de aventura e romance, construindo um livro muito interessante.
Desde o seu nascimento, no seio de uma família constituída por um rígido cónego inglês, pela mãe saxónica, Gudrum, convertida à força ao catolicismo, e ainda dois irmãos mais velhos, Mateus e João, Joana teve de lutar para poder afirmar-se. De feitio firme, com uma perspicácia e inteligência mal vista por muitos, ela foi crescendo, tendo uma educação rara entre as mulheres do seu tempo (às quais era vedada a instrução). Aprendeu a ler, secretamente, com o seu irmão Mateus. Depois teve a sorte de contactar com o grego Asclépios, que passou a ser seu tutor contra a raiva do pai.
Os anos passam, entre inúmeras peripécias improváveis, e Joana vai aprendendo ainda mais. Torna-se uma espécie de médico, conhecedora dos efeitos de inúmeras ervas e ingredientes.
Numa época de profunda misoginia, uma vez que a mulher é o símbolo do pecado e do mal, Joana percebe que só conseguirá realizar-se como homem. Por isso, passa a viver sob disfarce como João Anglicus, um monge que mantém as suas características pessoais: inteligência, perspicácia, insubmissão, espírito aberto à novidade.
Joana – ou João… - vai parar a Roma, onde acompanha dois papados de perto e vive bem de perto com toda a intriga e jogos de poder que rodeiam o topo da Igreja Católica. Também é vítima dessa teia, mas sabe jogar com as circunstâncias… e, sem ser vontade sua, acaba no trono de Roma.

No fim, o livro traz ainda uma espécie de enquadramento histórico de factos que confirmam a existência deste Papa, que afinal foi Papisa.
“Em 1276, depois de ter ordenado uma investigação aturada dos registos papais, o Papa João XX mudou o seu título para João XXI, reconhecendo oficialmente o reinado de Joana como Papa João VIII.”

De contornos historicamente imprecisos, quer por acção da própria Igreja, que os eliminou, quer por se tratar apenas de uma lenda, a curiosidade sobre quem foi a Papisa Joana permanece.

Outra resenha aqui.

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