sexta-feira, 22 de abril de 2011

Livros e rosas

A iniciativa é da associação cultural CatalunyApresenta e do Instituto Ramon Llull, que organizam a tradição catalã de fazer uma festa cívica à volta do livro, sábado no Miradouro de São Pedro de Alcântara, em Lisboa.
A festividade, a «Diada de Sant Jordi», que corresponde ao Dia dos Namorados na Catalunha, coincide com o Dia Internacional do Livro e fez com que se espalhasse a tradição de vender livros e rosas nas ruas das cidades da comunidade autónoma espanhola."

Biblioteca Sábado

A revista Sábado vai publi­car, a par­tir de 5 de Maio, uma colec­ção de clás­si­cos juve­nis, a 1€ cada. 
Aqui fica a lista e as res­pec­ti­vas datas:

Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne - 5 de Maio
As Via­gens de Gul­li­ver, de Jonathan Swift — 12 de Maio
As Minas de Salo­mão, de H.R. Hag­gard — 19 de Maio
A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Ste­ven­son — 26 de Maio
As Aven­tu­ras de Tom Sawyer, de Mark Twain — 2 de Junho
Mulher­zi­nhas, de Louisa May Alcott — 9 de Junho
O Fan­tasma de Can­ter­ville, de Oscar Wilde — 16 de Junho
O Livro da Selva, de Rudyard Kipling - 23 de Junho

Se não quiserem - ou já tiverem - estes livros, há feira do livro em Lisboa a partir da próxima semana.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Cavaleiro Templário


Mais um feliz e estranho acaso...
Este foi adquirido na mini-feira do livro que está no piso inferior do Cais-do-Sodré. Se tiverem de fazer tempo, passem por lá.

No espaço de algumas semanas antes, descobri O Cavaleiro Templário em filme. Um filme apaixonante que conta a história de Arn Magnusson. Arn foi entregue ao mosteiro cisterciense de Varnhem para se tornar monge, cumprindo uma promessa feita pelos pais. Contudo, desde muito cedo revelou possuir engenho para o arco, pelo que a sua educação foi sendo conduzida entre as línguas eruditas ao mesmo tempo que aprendia tudo aquilo que um verdadeiro guerreiro precisava saber.
Ao completar dezassete anos de idade, Arn regressa a casa. Possuído por sentimentos mundanos que desconhece, não sabe como explicar o que sente por Cecília, até que lhe confessa estar desesperadamente apaixonado por ela. Miseravelmente, Cecília foi prometida pelo seu pai em casamento a um membro do seu clã. Contrariando os desígnios do pai, Cecília entrega-se a Arn e ambos são duramente castigados, tanto pelas autoridades civis como pelas eclesiásticas. Cecília é enviada para o convento de Gudhem, condenada a passar 20 anos como freira e Arn é sentenciado a servir o mesmo período como cavaleiro templário na Terra Santa.

O livro alterna os capítulos entre a sentença de Cecília, que sofre duramente pela mão da Madre Rikissa, possuída pelo ódio que esta lhe tem e que motivou este castigo tão cruel e a de Arn, que tenta manter-se vivo, batalha após batalha, procurando honrar a promessa que fizera à sua amada de voltar um dia para os seus braços.
No final de cada capítulo, Jan Guillou levanta a ponta do iceberg sobre o que vamos encontrar quando prosseguimos com a história de um ou do outro, o que nos deixa sempre curiosos por descobrir o que ele quis insinuar com aquilo que escreveu.

Como acontece com qualquer livro adaptado a filme, apenas são retratados alguns dos episódios mais emocionantes. No livro vemos o pormenor de cada um deles, o que sentiram as personagens, a descrição da situação e local em que se encontravam, as cores, os cheiros, embora deva dizer que o filme se mantém bastante fiel ao que está escrito (no que ao vol. II se refere).

O que mais me encanta é que o argumentista consegue construir o filme retirando a sequência de uma história que foi dividida em três actos, neste caso em três livros: O volume I - O Caminho para Jerusalém - que narra a viagem de Arn Magnusson, rumo à Terra Santa, o volume II - O Cavaleiro Templário – (de que vos falo) e o volume III - O Novo Reino - que relata o regresso ao seu país após ter servido como cavaleiro templário na Terra Santa.
Cada um dos episódios é fotografado e mostrado à plateia com toda a brutalidade de uma história medieval, numa narrativa empolgante, sem grandes efeitos especiais que relevem a preocupação de tornar o filme um sucesso de bilheteira.
Contudo, Arn – O Cavaleiro Templário de Peter Flinth esteve nomeado em 2008 no European Film Award, concorrendo com Expiação de Joe Wright, entre outros para melhor filme na categoria Audience Award, tendo perdido para Harry Potter e a Ordem da Fénix de David Yates (não há como concorrer com este gigante).




Não resisti em deixar-vos aqui mais uma curiosidade. Ainda sobre filmes, para o mesmo período histórico, um personagem - Balian of Ibelin – que reconhecemos do livro O Cavaleiro Templário, ao qual não é dada muita importância, apenas existe uma pequena referência a ele como o homem que esteve à frente do comando e defesa de Jerusalém quando esta foi finalmente tomada por Saladino. Contudo, este é o episódio e personagem mais importante da história do filme de Ridley Scott - Reino dos Céus (o actor Orlando Bloom ganhou o prémio de melhor actor na mesma categoria em 2005 no European Film Award).

terça-feira, 19 de abril de 2011

ao preço da chuva


A expressão não podia ser mais apropriada à situação...

Um final de tarde duplamente especial.
Em primeiro lugar, ver o Chiado banhado de cinzento e com o sol a tentar romper as nuvens espessas, sem o conseguir... Uma imagem que não consigo, infelizmente, partilhar aqui utilizando palavras, porque estas não conseguem traduzir o misto de sentimentos que envolvem a mesma. Ficou condignamente registada no meu telemóvel. Assim que possível partilho aqui.
Em segundo, no minuto seguinte a ter tirado a foto, estala uma trovoada seguida de uma chuva intensa que me obriga a procurar abrigo rapidamente.



E foi assim que entrei na Livraria Aillaud & Lellos, Lda, na rua do Carmo. Se tinha de esperar que a chuva mingua-se, então havia de fazê-lo com prazer. Entrar nesta pequena loja foi como entrar num mundo literário completamente diferente. Um espaço agradável, para quem gosta de passar os olhos por prateleiras na esperança de descobrir um novo autor e a sua obra ou descobrir aquela obra que tanto procura. Impossível ficar indiferente às promoções e não perder a cabeça com os preços!
Se tiverem oportunidade passem por lá e, apenas por mais alguns passos, têm a Livraria Portugal. Tenho a certeza que os verdadeiros amantes de livros vão perder-se nestes dois espaços.


Foi neste espaço que descobri (a dedilhar prateleiras) a poesia de Orlando Neves. A fúria da sua poesia é de ficar sem fôlego. A palavra impregnada de sentimento, muitas vezes contraditórios, leva-nos e ler e a querer reler vezes sem fim cada uma das páginas que compõem o livro. Deixo-vos aqui apenas um trecho da sua obra:

Só os Lábios Respiram

Só os lábios respiram. Simples gesto vivo,
exílio do som onde se oculta o pavor da
palavra, pátria salgada cerrada no vazio
da casa de velhos deuses ávidos de preces.
Na garra da águia se fecha e rompe a boca,
templo e entranha, prodígio e anel
do eco, sinal esparso do caído concerto
da vida. Por estes soberbos montes, estas
rasas colinas, estas águas circulantes,
vai o grito da cegueira, o delírio lasso
na manhã, a saciada loucura do escuro
nome nocturno. Como um fragor dos céus,
caminha o canto agudo das árduas cigarras
perseguindo a funesta morte. Por esta
paisagem parda, que lábios me guardam
do próximo desastre, a mudança em ave,
cio ou sal, erva ou peixe, cicatriz ou
mito, veia ou água? Que lábios respiram
na coisa mortal que serei após o termo
da eterna efemeridade deste meu corpo,
coma de luz, deste desejo, rijo resíduo,
deste pensamento, disfarce ou máscara,
deste rapto do tempo, deste coração que começa?

in "Lamentação em Cáucaso"

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Livraria de oportunidades

Em plena baixa lisboeta, na Rua do Ouro, a Livraria Rodrigues reabriu.
Trata-se da "primeira livraria na cidade, integralmente composta por livros de oportunidades e promoções. Com uma renovação diária da oferta, conta com milhares de títulos, todos a preços de perder a cabeça."

Tenho de lá ir em breve...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Falsas Impressões

Um triller envolvente passado no mundo da arte, assim começa por apresentar-se mais uma obra de Jeffrey Archer. 240 mil exemplares vendidos na 1ª semana no Reino Unido. Não me surpreende!
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A história remete-nos para o 11 de Setembro, não que a data tenha qualquer importância nos acontecimentos que antecedem a tragédia. Uma coincidência conveniente para Anna Petrescu, uma das protagonistas da nossa história. Mas quem está no centro de todas as atenções é o Autro-Retrato com a Orelha Ligada, um dos quadros mais famosos de Van Gogh. E é em volta dele que todos se movem: Bryce Fenston, um banqueiro nova-iorquino que tenta a todo o custo colocar as suas mãos nele; Karl Leapman, um bem-sucedido advogado que procura fazer com que tudo pareça legal, sem receber mais por isso; Krantz, paga a peso de ouro para garantir que nada corre mal; Nakamura, um magnata japonês disposto a pagar 50 milhões de dólares para tê-lo na sua colecção privada; Tina a trabalhar de secretária iludindo a todos e finalmente Anna Petrescu que tenta a todo o custo travar a ganância de Fenston, arriscando a sua própria vida. Mas não está sozinha, Delaney mantém-se na sua sombra. Seguimos Anna de Nova Iorque a Tóquio, de Londres a Bucareste, ávidos por saber o que vai acontecer a seguir, a torcer para que consiga salvar o quadro das garras de Fenston. Chegamos mesmo a viver a ansiedade da personagem em levar a bom porto os seus intentos, envolvidos que estamos na história.
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Não é por acaso que se diz que Archer é um dos escritores de maior sucesso da actualidade. Eu estou rendida, só espero conseguir transmitir aqui um pouco do prazer que é ler um dos seus livros!

domingo, 3 de abril de 2011

Ofício de ler...

Texto de Maria Teresa Góis recebido por mail

"Onde se queimam livros, cedo ou tarde se queimam Homens."
Heinrich-Heine 1797-1856
Farta das diatribes políticas e das iras ambientais, falo-vos hoje de um gosto muito pessoal: ler.
Creio que o primeiro livro que tive era de pano e da Majora.
Depois, mesmo antes de saber ler, devo ter roído os cantos a alguns dos livros das minhas irmãs. Foi daí, talvez, que me ficou o gosto de ler.
Lembro-me da "guerra" de quem primeiro apanhava o novo livro dos Cinco ou outros que meu Pai trazia, da corrida, ao sábado, à chegada do jornal na porta de casa para primeiro ter na mão o "Cavaleiro Andante" ou o "Mundo de Aventuras"…
Fui crescendo e da biblioteca caseira saíram os textos que me alimentaram paixões, desilusões, o ócio, o fastio do estudo, o prazer.
Por entre as folhas numeradas, criei amigos inseparáveis com que ainda hoje privo.
Pegar num livro, sentir a textura do papel, o cheiro, ler a informação do autor, ou o tópico do texto, é um desafio.
Hoje, também, é urgente abrir o livro e ler, ser transportado nas letras, parar no tempo que nos emociona e viver a história que não é nossa.
Porque a história propriamente dita do Livro, é a da humanidade e da sua evolução.
Dos pergaminhos escritos, aos rolos de papiro e à impressão rápida e económica de hoje, medeiam séculos. Jorge Luiz Borges dizia que "de entre os instrumentos inventados pelo homem, o mais impressionante é, sem dúvida, o livro…é uma extensão da memória e da imaginação".
Cada país tem as suas referências nos autores que imortalizaram ou imortalizam a sua língua - é um veículo de divulgação de cultura, de enriquecimento pessoal, é democrático porque lemos o que queremos quando queremos, privando de perto com a sensibilidade do autor, suas ideias e ideais.
Saramago disse que "é ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas sobre um disco rígido, não."
Não aceito pois que a formação de um jovem não inclua, desde cedo, os bons hábitos de leitura e cheguem às obras leccionadas e obrigatórias com a apreciação de "uma ganda seca".
Sinais dos tempos da era informática, global, que isola, sujeita e condiciona a um simples ecrã horas sem fim.
Ler é crescer, é projectar perspectivas, pensamentos e opiniões.
Ler completa-nos, abre-nos os braços, humaniza-nos.
Quintana dizia que "os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem".
Só num livro podemos virar a folha a bel-prazer, folhear, voltar atrás e espreitar o próximo capítulo ou o enredo final.
Na vida, não.