domingo, 29 de abril de 2012

O Livro de San Michele

Há uma década que este livro estava à espera! 
Primeiro da Colecção Dois Mundos, dos Livros do Brasil, o autor diz que este é “o livro da vida”. 
Centrado na vida do médico Axel Munthe, personagem central do livro e seu autor, acompanhamos ao longo de muitos anos a sua vida e as peripécias por que passou. 
Ainda jovem médico em Paris, começa a ganhar notoriedade e torna-se o preferido da elite. Todos recorrem a ele, principalmente as mulheres, e todos aguardando um único diagnóstico: colite. Era a doença bem da altura. Quem fosse bem tinha de ter esta doença. Mesmo que não a tivesse. O médico, para alegria dos seus pacientes, diagnosticava-lhes a doença pretendida. Um pormenor delicioso desta parte do livro: ninguém, nem o próprio médico, diziam o que era esta misteriosa doença. 
Outra peripécia foi quando teve de ser cangalheiro de um morto num comboio a atravessar meia Europa. Com um humor muito suave, os mal-entendidos vão-se sucedendo e será mesmo ele a ter de tratar dele até ao destino, em Estocolmo. 
Há ainda a empregada do seu consultório, feia, indescritível, com cheiro a ratos, que não consegue despedir. Quando pede a amigos para o fazerem, repentinamente ficam doentes e também não conseguem. Sendo que começa a surgir um boato na elite parisiense: a dita senhora seria amante do Dr. Axel. Um delírio! 
Um aspecto central da personagem Axel Munthe é a sua profunda atenção aos animais. Devota-lhes um cuidado raro, um respeito comovente. Será, na vida real, um dos precursores dos direitos dos animais. 
Ao longo do livro, as viagens por várias cidades europeias vão-se sucedendo até regressar definitivamente a Anacapri, na ilha de Capri, no Mar Tirreno, ao largo de Nápoles.
Ali vai recuperar San Michelle, uma propriedade semi-abandonada, sobre a qual um velho lhe tinha falado quando Munthe era ainda jovem.

Em termos de apreciação do livro… não é um livro que me tenha agarrado. A escrita não é sedutora e o conteúdo não me apaixonou.

Fui lendo, página após página, levado pela resenha do próprio livro:

"O Livro de San Michele é, como diz o seu autor, "o livro da vida". Da vida que transforma o mundo, da vida que não descansa, que não se imobiliza nunca, mas que, se acaso apresenta a cada passo novos aspectos, fisionomia nova, nova aparência, é sempre e essencialmente a mesma.
Axel Munthe, que o não ignora, sabe também que só o amor da humanidade, que só o humaníssimo amor do próximo- gente ou bicho, adulto ou criança, pessoa ou animal- nos redimee salva dos inevitáveis egoismos. é um mestre da generosidade, um professor de ternura, uma energia ao sabor da mais límpida, da mais elevada, da mais devotada fraternidade humana. Ele quer os homens sãos e crentes, a infância pura e alegre, a adolescencia entusiástica e a velhice piedosa e serena.
Chamar a Axel Munthe só um grande escritor, idealista- é pouco porque ele é muito mais ainda: é um raro exemplar de Homem superior, de Homem completo, vencedor sempre das mesquinharias e dos egoísmos da existência.
Lê-lo e meditá-lo é aprender e viver. Nenhum livro como este poderia abrir melhor a "Colecção Dois Mundos" porque em nenhum outro vibra tanto e se afirma tanto a simpatia de alma que aproxima e enleia indivíduos, pátrias, continentes e povos"

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