Alda e Luísa dividem um apartamento cujo único espaço comum
é o hall de entrada. Alda é uma
médica à primeira vista brilhante e querida de todos, Luísa é uma editora que
vem partilhar a casa com a prima após esta ficar viúva. Duarte é um músico,
amigo de Luísa.
Indo além neste retrato simplista, Alda, após a morte do marido, de quem
não se consegue desligar, começa a beber. Embora diga que consegue controlar-se
e que não é alcoólica, isso não corresponde à verdade. Luísa sabe da sua
realidade, e tenta ajudá-la constantemente, mas em vão, abdicando da sua
própria vida. Luísa vive em função de Alda. Não escolhe, não tem vida própria.
Luísa, entre os livros, as edições e os lançamentos, vai-se
reaproximando de Duarte, um amigo de longa data, e que tinha estado ausente.
Entre eles estabelece-se uma relação dúbia, de querer e não querer, de serem
apenas amigos ou de serem mais qualquer coisa. Ele, sabendo do drama familiar
de Luísa, tenta afastá-la desse mundo, tenta que ela tenha vida além da Alda.
Duarte vive entre os seus ensaios de jazz e a aproximação à
Luísa. Com o desenrolar da história percebemos que Duarte tem uma experiência
que pode ajudar Luísa a lidar melhor com a situação da Alda.
Neste livro, Margarida Fonseca Santos centra-se no tema do
alcoolismo, e a história desenrola-se à volta destas três personagens. Luísa
tenta ajudar Alda, que não quer ser ajudada e julga que está tudo bem. Duarte,
o terceiro vértice deste triângulo, tenta ajudar Luísa a sair da sua dependência
de Alda.
Com uma estrutura a três tempos, em que a cada momento uma
das personagens principais vai assumindo o papel de narrador, Margarida Fonseca Santos
transmite-nos as angústias e os sentimentos de cada uma de viva voz, e faz-nos
entrar profundamente nessas vivências individuais. Ou seja, em “Deixa-me entra na tua vida” ganha vida a frase de Willian Styron: “nós vivemos várias vidas enquanto lemos”.
1 comentário:
Não tinha encontrado este post, desculpe... Muito obrigada - é um livro daqueles que mexeu comigo, vivendo mesmo 3 vidas para o escrever!
Um beijinho
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