quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cascais com-vida

Cascais é um ponto central da cultura por estes dias:
- 23ª Feira do Livro, no Jardim Visconde da Luz;
- Cool Jazz Fest, com Seal já na próxima sexta-feira.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dorothy Koomson (parte II)

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Há livros assim...livros que deixam um sabor estranho na boca...aquele sabor que muitos conhecem tão bem! O característico "sabe a pouco"...mas ao contrário.
Passo a explicar: não é o que o livro tenha ficado aquém das expectativas, não, simplesmente quero mais e não consigo parar de consumir. Inexplicavelmente, passei a devorar todos os livros de Dorothy Koomson.
O fenómeno não é novo, mas não com esta dimensão.
Começou com Robert James Waller e As Pontes de Madison County. Comprei em seguida Valsa Lenta em Cedar Bend com o intuito de repetir as sensações experimentadas anteriormente mas... sem sucesso. Há livros assim. Não que sejam excepcionais. Simplesmente têm algo que os torna especiais, que nos marcam para sempre. Ainda não encontrei outra história de amor tão encantadora quanto a vivida por Robert L. Kincaid e Francesca Johnson em As Pontes de Madison County, o que faz deste livro único.

Isto tudo para dizer que não consegui resistir e acabei de adquirir o último livro de Dorothy Koomson - Bons sonhos, meu amor.
E esta palavra – último – confesso que me provoca calafrios. Significa que quando chegar à página 445 deste livro, segue-se uma página em branco e a seguir a esta não há mais nada, literalmente. E por instantes quase desejo que Dorothy Koomson se convertesse numa Margarida Rebelo Pinto, porque à velocidade com que esta edita um livro não teria de estar muito tempo à espera para voltar a 'consumir'...

domingo, 26 de julho de 2009

Ler para crescer

"O Plano Nacional de Leitura decidiu encorajar os avós a lerem histórias aos netos. O certo é que avós, netos e histórias são hoje muito diferentes: a maioria dos avós ainda está numa fase activa da vida, as crianças têm o tempo preenchido por actividades várias, as solicitações são muitas e o tempo familiar mais escasso. Os livros infantis sofrem a inevitável concorrência dos desenhos animados, que passam em sessão contínua em diversos canais televisivos: alguns são medonhos e sobressaltados por sons guturais sem propósito ou sentido aparente, revelando um mundo de vencedores e vencidos, de força e astúcia despidas de qualquer virtude ou razão; outros mais não são do que formas indefinidas, num movimento lento com efeitos hipnóticos, e destinam-se certamente a adormecer bebés."

Ler texto integral de Maria José Nogueira Pinto, no DN, aqui.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

sobre o livro digital

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Na sessão de lançamento do livro com os posts do seu blogue, "O Caderno", o Nobel da Literatura português, José Saramago disse esperar que "o livro feito de papel, com palavras impressas, tenha ainda uma longa vida".

O Clã do Urso das Cavernas

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Quando ouvi falar neste livro pela primeira vez não tinha mais de 14-15 anos. Lembro-me que estavam todos fascinados com a colecção, menos eu. Não me interessava por este tipo de romance, a minha atenção estava voltada para alguns dos grandes clássicos portugueses.

O Clã do Urso das Cavernas, publicado em 1980, é o primeiro livro da colecção Os Filhos da Terra e o ponto de partida para uma viagem épica onde Auel nos leva a conhecer a vida dos nossos antepassados na última fase da Era Glaciar, quando os homens de Neandertal e de Cro-Magnon dividiam a Terra.
A história começa com uma catástrofe natural que deixa à sua sorte Ayla, a heroína do romance. A menina de cinco anos é inesperadamente encontrada pelo Clã, que fica apreensivo por esta ser dos Outros. Iza, a curandeira do Clã apieda-se da menina e não consegue seguir em frente sem cuidar dela. Naquele instante e inconscientemente, Iza adopta Ayla como sua filha, a filha que sempre quis ter. Autorizada a ficar com ela, tudo faz para que esta recupere rapidamente das suas mazelas. Os cabelos loiros, os olhos azuis inspiram surpresa a todos os membros do Clã por ser tão diferente deles e feia, mas acaba por ser aceite.
Creb, o Homem Santo também não lhe fica indiferente e junto com Iza procuram ensinar-lhe a linguagem, os costumes e tradições do Clã, o que não se revela tarefa fácil. Apesar dos progressos notáveis, Ayla não consegue anular a sua natureza, a sua essência, e vai sentir na pele o quanto é diferente, às mãos de Broud que sente por ela um ódio de tal forma profundo que o consome até ao espírito.
A curiosidade de Ayla por tudo o que a rodeia leva-a a interessar-se pela caça e pelo manejo das armas, algo que estava proibido às mulheres mas que ela passa a dominar com notável mestria, não sem contudo ser castigada por desobedecer aos costumes profundamente enraizados, que conferem sentido e permitem a sobrevivência do Clã.
Ayla torna-se mulher, forte e determinada em ser mãe. Ainda que bela e sensível, quem iria querer acasalar com alguém tão feio? Assim, Iza resolve ensinar-lhe tudo o que sabe sobre a magia curativa de forma a conferir-lhe um estatuto no seio do Clã.
Contudo, contra todas as convicções o milagre da vida acontece e, desafiando tudo e todos, é permitido a Ayla ficar com Durc – o seu bebé. O totem de Ayla é forte e tem-lhe dado sorte mas o curso dos acontecimentos não pode ser interrompido. O inevitável acontece. Alguém enfurece os espíritos e teme-se o pior. Ayla sofre mais uma vez o estigma de ser diferente e, de novo, é abandonada à sua sorte.
Fica a vontade de descobrir o que acontece a Ayla, as novas aventuras que ela vai viver e, para isso basta ler as sequelas: O Vale dos Cavalos, Os Caçadores de Mamutes (vol I e II), Planícies de Passagem (vol. I e II) e O Abrigo de Pedra.
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O livro foi adaptado a filme com Daryl Hannah no papel de Ayla e chegou a ser nomeado em 1987 para Óscar de melhor Caracterização. Um à parte, nesse ano, Paul Newman ganhou o Óscar de melhor actor com o filme "A Cor do Dinheiro".
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Entre 24 e 26 de Junho, Jean Auel esteve em Portugal para conhecer alguns dos sítios paleolíticos mais importantes do território nacional. A informação recolhida vai ser usada na produção do próximo romance da colecção Os Filhos da Terra, que relata o momento em que o Clã do Urso das Cavernas, personagens centrais da colecção, atravessam a Europa e chegam à costa Atlântica, actual território português.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Sonho de Inocêncio

Há livros que nos agarram de formas difíceis de explicar.
É o que me esta a acontecer com "O Sonho de Inocêncio", romance histórico sobre a ascensão e queda do Papa mais poderoso da História.
Vou sensivelmente a meio, e infelizmente estou a lê-lo mais lentamente do que desejaria e do que a história exige, mas é uma história grandiosa.
Um homem, de famílias privilegiadas, que sempre esteve ligado à Igreja. Com menos de 40 anos ascende ao topo da hierarquia eclesial, e, fruto do entendimento que faz do que deve ser o papel do Papa - unificar toda a cristandade - centraliza tudo, decide tudo, é um activista político na defesa dos interesses da Igreja.
Embora vivendo à volta de 1200, Inocêncio III é um maquiavélico avant la letre. Sabe e joga com prazer o jogo da política, da guerra, dos interesses terrenos.
Duvida ele mesmo da existência de Deus, mas não duvida dos seus poderes enquanto chefe de um Estado. Manipula, mente, combate para atingir os seus objectivos, e alargar o seu poder. Contra quase tudo o que disse antes de ser Papa - em que valorizava a livre discussão de textos variados, em que era um livre pensador - ao chegar ao trono da Igreja é profundamente centralizador.
Entende que não é um simples sucessor de Pedro, mas sim o representante directo de Deus na Terra.

Estou a saborear cada página deste extraordinário romance.
Há alguns elementos históricos do seu papel que explicam pormenores que hoje damos como adquiridos na Igreja e na sua doutrina. De acordo com este romance, foi Inocêncio III que os introduziu. Mas falarei disso numa avaliação final.
Espero terminar a sua leitura antes das férias... de qualquer forma, entusiasticamente, deixo esta sugestão para leitura de verão!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

"Certos livros têm que ser lentamente apreciados, outros querem ser devorados, e só uns poucos são mastigados e completamente digeridos."
(retirado do blog Viciadas pela Leitura)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Dorothy Koomson

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Hoje vou fazer uma coisa diferente, não vou falar da história dos livros mas apresentar a autora dos mesmos. Das obras editadas por esta romancista, tive o prazer de ler:
"A filha da Minha Melhor Amiga" (cuja leitura deixou um bichinho difícil de calar) e "Pedaços de Ternura" que acabei de ler há dias.
Mas e sem mais demoras apresento Dorothy Koomson:

«Olá! O meu nome é Dorothy Koomson e vou tentar tornar este texto sobre mim o mais interessante possível. Escrevi o meu primeiro romance aos 13 anos, que se chamava There's A Thin Line Between Love And Hate. Costumava escrever um capítulo todas as noites, que depois circulava entre as minhas colegas de escola, todas as manhãs. E elas adoravam! Cresci em Londres e depois voltei a crescer em Leeds, quando ingressei na faculdade. Mais tarde acabei por regressar a Londres, para fazer o mestrado, e fiquei por lá durante alguns anos. Passei por alguns empregos temporários, até conseguir a minha grande oportunidade no mundo da escrita, escrevendo, editando e substituindo colegas em várias redacções de publicações femininas e de jornais nacionais. Contar histórias e escrever ficção são uma ENORME paixão na minha vida, pelo que fui aproveitando cada segundo do meu tempo para escrever contos e romances. Em 2001 tive a ideia que inspirou o "The Cupid Effect", e assim começou a minha carreira de romancista. E tem sido espectacular! Em 2006, foi publicado o meu terceiro romance, "A Filha da Minha Melhor Amiga" – que teve um sucesso imenso, vendendo quase 90 mil exemplares no Reino Unido, só nas primeiras semanas. Seis semanas depois, o livro foi seleccionado para o Richard & Judy Summer Reads Book Club e as vendas do livro aumentaram para mais de meio milhão de exemplares. E pronto, lá estou eu a fazer asneira outra vez. Isto devia ser sobre mim e não sobre os meus romances… OK, voltemos à minha pessoa/a mim! Vivi dois anos em Sidney, na Austrália, e agora estou de volta a Inglaterra. Mas não sei dizer por quanto tempo ficarei no Reino Unido, porque me parece que fui mordida pelo bichinho das viagens…» (in Wook)
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Se tiverem oportunidade de ler os seus livros poderão verificar um pouco do seu percurso de vida através dos lugares que cita, do emprego que a protagonista tem e das particularidades da sua fisionomia.
Não vou revelar detalhes, porque simplesmente não consigo encontrar palavras que possam definir a profundidade e sensibilidade com que Dorothy Koomson conta a história de Kamryn Matika e Adele Brannon ("A filha da Minha Melhor Amiga") e ainda de Kendra Tamale ("Pedaços de Ternura"). É quase penoso parar de ler, mas e porque temos de o fazer, o nosso pensamento fica inebriado, suspenso entre cada página, até que possamos retomar a leitura.
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Hoje alguém é pequenino

Possivelmente vais querer passar a esquecer este dia ... mas há quem não deixe! Vamos festejar, não a idade, mas o momento, a amizade, o sentimento de que o tempo passa sim e por isso há que aproveitar cada instante.

Assim, aproveita o bolinho de chocolate, a cobertura de chocolate e o recheio de chocolate e não esqueças o desejo quando apagares as velas. Não podemos perder a oportunidade de pedir que os nossos sonhos se tornem realidade.
PARABÉNSSSSSSS!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Laureano Barros: O homem e a sua biblioteca

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Deixo-vos este pequeno excerto da história de uma vida muito singular, pela mão de Paulo Moura para o PÚBLICO:
«Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o jovem Laureano Barros começou a comprar livros. Frequentava os alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como fazia com os paliteiros, bengalas, relógios, louças, antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao contrário de toda a traquitana que sempre gostou de trazer para casa, aos livros ergueu uma fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se esquecia deles. Começou a acumulá-los na moradia que o pai lhe comprou para se instalar na cidade, na Foz, continuou a ampliar a colecção enquanto viveu nessa casa com a primeira mulher, Leonor, e depois quando se divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se separava da mulher com quem vivia (e foram mais mulheres do que os três casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis, as antiguidades. Mas levava consigo a biblioteca. Eram livros de Matemática, de Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo de Literatura Portuguesa, e, cada vez mais, volumes curiosos e raros, obras pouco conhecidas, primeiras edições. Por alguns autores tornou-se obcecado e comprava tudo. Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava e lia, várias vezes, os livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga. Sempre teve insónias, e passava-as a ler. Dono de uma memória prodigiosa, sabia páginas e páginas de cor. Perdia horas a arrumar os livros, a manuseá-los, a acariciá-los.
Para ele, eram um salvo-conduto contra a efemeridade de tudo o resto. E também contra a desilusão, como se nada, além dos livros, estivesse à altura dos padrões de excelência que estabeleceu. Do grau de pureza que cedo definiu para a sua vida.
(...) mas à medida que se aproximava do fim, e ia perdendo o interesse por tudo excepto pelos livros, apercebia-se também de que os filhos não queriam a biblioteca. Pensou em várias soluções - doar as obras a uma instituição, criar uma fundação (ideia do filho Carlos). Mas nenhuma lhe agradou. Por fim, deixou de pensar no assunto. Mergulhou numa estranha apatia, uma inconsciência meticulosa e desesperada, que apenas aos seus "meninos" era visível. E os fazia sofrer.

Como pôde aquele homem que tudo calculava e tudo prevenia ter cometido um erro tão grosseiro? No seu afã de tudo medir pela beleza dos livros, de sublimar neles os seus dias e o seu futuro, nunca lhe passou pela cabeça que a biblioteca pudesse não ser eterna.
Mas não deixou, mesmo sabendo (e decerto aceitando) que em breve tudo aquilo seria vendido em leilão, de folhear, tratar e acariciar os seus livros, com a leveza confiante com que uma criança diz adeus a quem ama.»